FONTE: Luiz Holanda (TRIBUNA DA BAHIA).
O Partido dos Trabalhadores acaba de comemorar seus trinta anos de fundação. Seu início se deu nos idos de 1980, precisamente no mês de fevereiro, destacando-se no cenário político nacional pelas ideias e estratégias voltadas para os movimentos sociais, com base no pensamento defendido pelo filósofo italiano Antonio Gramsci, um dos fundadores do partido comunista daquele país e uma das principais referências da ideologia marxista do século.
O grupo heterogêneo que fundou o PT era composto por intelectuais de esquerda, dirigentes sindicais e católicos ligados à Teoria da Libertação, que defendia um socialismo diferente do socialismo real predominante na época. Em seu programa, combatia as correntes social-democratas sem perspectiva real de superação histórica do capitalismo imperialista. Um dos seus expoentes era o ex-ministro e atual mensaleiro José Dirceu, que em 1960 foi para Cuba treinar guerrilha sem jamais participar de alguma.
Ao retornar ao Brasil, tratou logo de pôr em prática o plano de conquistar o poder, tendo à frente a única e principal liderança do partido, justamente o presidente Lula, hoje mais lulista do que petista. Nos idos de 1990, o atual deputado federal Antônio Palloci já defendia as privatizações e cortes nos gastos públicos. Era o começo da mudança.
Acusado de falsificação de documentos no caso daquele caseiro que o acusou de visitar a “República da Corrupção”, foi afastado do governo e salvo ingloriamente pelo Supremo Tribunal Federal. No caso Dirceu, a prática agora é de defender junto ao governo interesses de grupos capitalistas, a exemplo do recebimento de R$ 620 mil por uma consultoria prestada à Eletronet, empresa que poderá ser beneficiada se a Telebrás for reativada dentro do programa Nacional de Banda Larga-PNBL, defendido por Lula, e que, caso isso aconteça, o país terá um prejuízo de R$ 200 milhões. Dirceu se defendeu, não do dinheiro recebido, mas afirmando que a consultoria que prestou se referiu a outro assunto, sem, no entanto, dizer qual foi.
Daqui para frente, as mudanças de ação e de pensamento do PT serão mais explícitas, a começar pelo discurso de sua candidata a presidente da República, Dilma Roussef, hoje mais capitalista do que Lula.
A ministra age em duas frentes: a primeira para os radicais do partido, desenvolvendo um discurso ideológico, embora seguido por uma decisão pragmática; a segunda junto ao empresariado, que considera que é realmente quem produz para o país. Não sendo petista histórica (foi do PDT durante 21anos), a ministra agora defende a estatização de boca para fora, embora não precise do partido para nada, pois quem está alavancando sua candidatura é o presidente Lula, e mais ninguém.
Ciente de que é candidata por falta de alguém no PT capaz de substituí-la, sabe que vai precisar de alianças para governar. Isso significa que, se eleita, não haverá muito espaço para os petistas no governo. Daí Lula ter escolhido gente como Henrique Meirelles para garantir e formular o programa de sua candidata, além de, possivelmente, impor aos partidos aliados sua candidatura como vice na chapa petista. A subida de Dilma nas pesquisas demonstra que nenhum partido tem força para impor ao presidente qualquer candidato ou condições.
Acusado de desenvolver ainda mais a corrupção existente no país, o PT sofreu desgastes que o impossibilitam de apresentar um candidato escolhido por ele. Aceita passivamente a candidata imposta por Lula porque ele é maior que o partido, e que, sem ele, não ganha eleição em nenhum estado do país. O Congresso Nacional do partido, que aclamou a candidatura da ministra, tentou desenvolver para a plateia um discurso marcado pela defesa do Estado na economia, além de pugnar pela volta de Dirceu como articulador da campanha nas eleições deste ano.
O problema é que as notícias sobre sua atividade política incomodam o Planalto, que, diplomaticamente, finge aceitá-lo como uma de suas principais lideranças. Seja como for, Dirceu parece ter conseguido a volta da Telebrás, uma ex-estatal com história de deficiência e corrupção. Enquanto outros países adotam metas de expansão da internet de modo pragmático, o Brasil volta para a estatização, com possíveis benefícios para empresas privadas ligadas ao ex-ministro, com os odores naturais das negociatas políticas.
Seja como for, Lula demonstrou que tem força e prestígio para transferir votos para sua candidata. Ele, pessoalmente, é o partido, que hoje não dispõe de líderes nem de ideias.
O Partido dos Trabalhadores acaba de comemorar seus trinta anos de fundação. Seu início se deu nos idos de 1980, precisamente no mês de fevereiro, destacando-se no cenário político nacional pelas ideias e estratégias voltadas para os movimentos sociais, com base no pensamento defendido pelo filósofo italiano Antonio Gramsci, um dos fundadores do partido comunista daquele país e uma das principais referências da ideologia marxista do século.
O grupo heterogêneo que fundou o PT era composto por intelectuais de esquerda, dirigentes sindicais e católicos ligados à Teoria da Libertação, que defendia um socialismo diferente do socialismo real predominante na época. Em seu programa, combatia as correntes social-democratas sem perspectiva real de superação histórica do capitalismo imperialista. Um dos seus expoentes era o ex-ministro e atual mensaleiro José Dirceu, que em 1960 foi para Cuba treinar guerrilha sem jamais participar de alguma.
Ao retornar ao Brasil, tratou logo de pôr em prática o plano de conquistar o poder, tendo à frente a única e principal liderança do partido, justamente o presidente Lula, hoje mais lulista do que petista. Nos idos de 1990, o atual deputado federal Antônio Palloci já defendia as privatizações e cortes nos gastos públicos. Era o começo da mudança.
Acusado de falsificação de documentos no caso daquele caseiro que o acusou de visitar a “República da Corrupção”, foi afastado do governo e salvo ingloriamente pelo Supremo Tribunal Federal. No caso Dirceu, a prática agora é de defender junto ao governo interesses de grupos capitalistas, a exemplo do recebimento de R$ 620 mil por uma consultoria prestada à Eletronet, empresa que poderá ser beneficiada se a Telebrás for reativada dentro do programa Nacional de Banda Larga-PNBL, defendido por Lula, e que, caso isso aconteça, o país terá um prejuízo de R$ 200 milhões. Dirceu se defendeu, não do dinheiro recebido, mas afirmando que a consultoria que prestou se referiu a outro assunto, sem, no entanto, dizer qual foi.
Daqui para frente, as mudanças de ação e de pensamento do PT serão mais explícitas, a começar pelo discurso de sua candidata a presidente da República, Dilma Roussef, hoje mais capitalista do que Lula.
A ministra age em duas frentes: a primeira para os radicais do partido, desenvolvendo um discurso ideológico, embora seguido por uma decisão pragmática; a segunda junto ao empresariado, que considera que é realmente quem produz para o país. Não sendo petista histórica (foi do PDT durante 21anos), a ministra agora defende a estatização de boca para fora, embora não precise do partido para nada, pois quem está alavancando sua candidatura é o presidente Lula, e mais ninguém.
Ciente de que é candidata por falta de alguém no PT capaz de substituí-la, sabe que vai precisar de alianças para governar. Isso significa que, se eleita, não haverá muito espaço para os petistas no governo. Daí Lula ter escolhido gente como Henrique Meirelles para garantir e formular o programa de sua candidata, além de, possivelmente, impor aos partidos aliados sua candidatura como vice na chapa petista. A subida de Dilma nas pesquisas demonstra que nenhum partido tem força para impor ao presidente qualquer candidato ou condições.
Acusado de desenvolver ainda mais a corrupção existente no país, o PT sofreu desgastes que o impossibilitam de apresentar um candidato escolhido por ele. Aceita passivamente a candidata imposta por Lula porque ele é maior que o partido, e que, sem ele, não ganha eleição em nenhum estado do país. O Congresso Nacional do partido, que aclamou a candidatura da ministra, tentou desenvolver para a plateia um discurso marcado pela defesa do Estado na economia, além de pugnar pela volta de Dirceu como articulador da campanha nas eleições deste ano.
O problema é que as notícias sobre sua atividade política incomodam o Planalto, que, diplomaticamente, finge aceitá-lo como uma de suas principais lideranças. Seja como for, Dirceu parece ter conseguido a volta da Telebrás, uma ex-estatal com história de deficiência e corrupção. Enquanto outros países adotam metas de expansão da internet de modo pragmático, o Brasil volta para a estatização, com possíveis benefícios para empresas privadas ligadas ao ex-ministro, com os odores naturais das negociatas políticas.
Seja como for, Lula demonstrou que tem força e prestígio para transferir votos para sua candidata. Ele, pessoalmente, é o partido, que hoje não dispõe de líderes nem de ideias.
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