sábado, 27 de março de 2010

PP QUER REPACTUAR...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

Surgiu, como já é do conhecimento geral, um problema grave na aliança governista, envolvendo o PP. Ou suscitado pelo PP. Este partido alega que nas negociações que fez sobre sua participação na coligação governista, ficou acertado que caberia ao PP indicar um dos dois candidatos a senador.
Este candidato seria o conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, ex-governador Otto Alencar, que renunciaria a seu cargo no TCM para filiar-se ao PP e concorrer ao Senado. Já estava tudo combinado entre o governador Wagner, Otto Alencar e o PP.
Acontece que Otto Alencar, que é médico, foi surpreendido por sérios problemas de saúde que, não previstos, não haviam sido levados em conta, portanto, em seus cálculos políticos.
Esses problemas levaram-no a concluir que não é herói o suficiente para enfrentar uma corrida desabalada que é a campanha de senador, seguida por oito anos de mandato em Brasília, comparecendo aos trabalhos do Senado e exercitando ainda as funções políticas inevitáveis para um senador de um estado importante.Seu estoicismo é o bastante, apenas, para deixar a confortabilíssima tranquilidade do cargo vitalício (aposentadoria compulsória aos 70 anos de idade) de conselheiro do TCM e aceitar o convite alternativo feito pelo governador de participar da chapa majoritária como candidato a vice-governador.
Isto o levará naturalmente a envolver-se em intensas articulações políticas e ao comparecimento a eventos mais relevantes da campanha eleitoral, mas não ao ponto de sair visitando centenas de distritos e povoados. Ainda mais que as necessárias cautelas com a saúde justificam esse comportamento ante o eleitorado.
Mas o PP, até o anoitecer de ontem, estava estrilando. Combinara ter um candidato a senador na chapa, não um candidato a vice-governador. Insiste em renegociar. Ou, para variar o vocabulário, repactuar. Há precedente na Bahia, garantiu há décadas, profeticamente, Octávio Mangabeira.
Na verdade, está em busca de conquistar espaço, talvez, como se noticiou circunstanciadamente, a vaga que Otto Alencar deixará no TCM para o deputado e atual secretário de Agricultura, Roberto Muniz, que por sua vez teria seus votos herdados por dois mui amados candidatos do PP a deputado estadual.
Mas Alencar já tinha um candidato para o cargo e isso, pelo que se sabe, já estava encaminhado junto ao governador. O PP quer desmanchar esse acerto. Isso, é claro, deixaria Otto Alencar muito descontente (o que é óbvio) e talvez decepcionado (aí é só o que eu imagino). Talvez o PP não consiga.
Uma informação importante é que, pelo que estava decidido até o início da noite de ontem, Otto Alencar será companheiro de chapa de Wagner pelo PP ou sem o PP. Se alguma coisa acabar inviabilizando a candidatura pelo PP, o PDT está à disposição, já comunicou isso formalmente (não tem documento com carimbos, mas no caso a palavra é bastante) e não houve rejeição da oferta. Apenas está claro que ela é condicional – se houver inviabilização da candidatura pelo PP.
Mas se Otto Alencar se filiar e representar o PDT na chapa majoritária (o PDT estava fora dela), quem ficaria fora da chapa seria o PP. Ficaria mesmo? E aonde essa auto-exclusão levaria o PP? Sairia da aliança governista? Sai nada...A mim parece que o PP está querendo é caçar passarinho com tiro de canhão.

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