segunda-feira, 15 de março de 2010

SOMBRA DE ACM...

FONTE: Tasso Franco (TRIBUNA DA BAHIA).

Por mais que se queira dizer que o “carlismo” acabou (grupo político baiano organizado por Antonio Carlos Magalhães), sua estrutura partidária sedimentada ao longo de muitos anos, sobretudo depois que foi governador da Bahia (1971/1974) paira no cenário da sucessão estadual, em 2010, tanto que dois dos seus “puros-sangues” Otto Alencar e senador César Borges são citados com frequência na composição de chapas. E são exatamente esses dois políticos gerados no “carlismo” que causam polêmicas nessa fase da pré-campanha.
Lembrava-me um político experiente do PMDB uma vez que havia comentado sobre “Waldir, o PT e a sucessão”, com reminiscências históricas de 1986, que, existe uma diferença fundamental entre as alianças que foram formatadas por Waldir à frente do PMDB, naquela época, agregando forças à direita, tal como Tancredo Neves o fez em 1984 com Sarney e outros; e as atuais pretendidas pelo governador Wagner, com PP e PR, porque a luta central de Waldir era derrotar ACM e desestruturar o “carlismo”, sobretudo no interior.
Esse mesmo interlocutor acrescentou, ainda, que assim aconteceu, também, em 2006, quando o PMDB agregou-se a Wagner para, mais uma vez, derrotar ACM e fraturar sua base política no Estado, uma vez que, em 1986, embora Waldir tivesse chegado ao governo e conseguido o mais relevante, porém, falhou no projeto completar de fazer um bom governo e destruir a base de ACM.
A argumentação peemedebista se sustenta no fato de que ACM faleceu, o PT chegou ao poder para criar um novo modelo de fazer política na Bahia, mas, em sua ótica, além de não ter cumprido os acordos programáticos com o PMDB; nem implantado esse novo “modus vivendi” político/administrativo, o que não acontece no plano nacional com Lula, não tem justificativa para aliar-se a César Borges e Otto Alencar, salvo no plano eleitoreiro: a vitória pela vitória.Tem sentido. Assim como, voltando a ACM, quer queira; quer não, pois, associam-se episódios do grampo e a invasão da Ufba pela PM como fatos relevantes da memória política do “carlismo” relacionados a Otto e César. É no mínimo esdrúxula essa fórmula pra se contrapor à “chapa dos sonhos” puro-sangue petista e sustentar o projeto político do PT. É claro que as pessoas mudam com o tempo, mas, a história, a raiz, é inalterada.
É nessa cunha, nesse vácuo, caso se concretiza essa engenharia política para dar sustentação eleitoral à chapa Wagner que o PMDB pretende ideologizar a campanha mostrando que Geddel seria o novo, precisa uma oportunidade que os outros já tiveram de governar o estado (Wagner e Souto) e retomar o velho slogan de 1986, “Mudar a Bahia”, com outra roupagem, adversário ao “continuar”.
Aqui do meu modesto palanque, sem votos, faço essas observações para reflexões dos protagonistas do processo.

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