sábado, 1 de junho de 2013

BOTOX TAMBÉM É UTILIZADO EM PACIENTES QUE SOFRERAM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL...


FONTE: Silvana Blesa, TRIBUNA DA BAHIA. 

A toxina butolínica tipo A mais conhecida como botox é famosa entre as pessoas quando o assunto é beleza, ou melhor, correção de rugas de expressão. Mas, poucas pessoas sabem que essa substância é usada em pacientes com doenças neurológicas como paralisia cerebral, trauma medular, paraplegia, entre outros. A toxina butolínica tem sido usada com eficiência para tratar a espasticidade, rigidez muscular que provoca dificuldade no movimento, principalmente nos braços e pernas, que afeta a mobilidade da maioria das vítimas de acidente vascular cerebral (AVC).

O AVC hemorrágico, tido como forma mais fatal da doença, pode levar mais de 50% dos pacientes à morte em até 30 dias. Entre os sobreviventes, metade fica com sequelas motoras e cognitivas graves, tornando-os dependentes da ajuda de terceiros nas atividades diárias. Após sofrer um derrame, pode ocorrer além de fraqueza em algum membro, a instalação de uma rigidez involuntária (chamada de espasticidade).

E é justamente para aliviar esse sintoma que a toxina é utilizada. Em dose apropriada e locais selecionados, ele ajuda a relaxar a musculatura facilitando os movimentos. O neurologista Leandro Teles, disse que o tratamento de reabilitação do paciente após um AVC deve se buscar todos os recursos em prol da melhoria da funcionalidade e da qualidade de vida da pessoa. “No entanto, se existir espasticidade intensa, limitante e localizada, a toxina botulínica deve sim ser discutida. É uma opção segura e eficiente para casos selecionados”.

Além do tratamento da espasticidade, o paciente pode necessitar de trabalho fisioterápico, fonoterapia e psicoterapia. “Cada paciente precisa de um tratamento voltado para sua recuperação global e para evitar novos AVC’s, por isso, uma equipe muldisciplinar deve ser instituída com um foco comum: devolver ao máximo a qualidade de vida a vítima de um AVC”, pondera o especialista.
O tratamento com a toxina botulínica tipo A consiste na aplicação de uma injeção a cada quatro a seis meses, diretamente no músculo rígido. A dosagem deve ser prescrita de acordo com as necessidades do paciente. “A toxina visa relaxar a musculatura e facilitar o movimento, geralmente é usada após alguns meses do AVC, pois a espasticidade não é imediata. A dose deve ser cuidadosamente escolhida, pois o exagero pode causar muita fraqueza muscular”, alerta Teles.

O neurologista ainda explica que intervenções medicamentosas como os relaxantes musculares orais, e o uso de órteses (aparelhos que servem para alinhar ou regular determinadas partes do corpo) também promovem benefícios importantes. “Uma a cada seis pessoas no mundo terá um AVC. Devemos concentrar os esforços em 3 níveis de atendimento: a prevenção (o mais importante), o atendimento inicial (o mais deficitário hoje no Brasil) e a reabilitação (o ramo que mais avança em termos de tecnologia e novos procedimentos)”.
Daniel Rocha Freitas, 36 anos, teve um AVC há um ano e ficou com sequelas no rosto e na fala. Ele vem fazendo tratamento como fisioterapias e fonoaudiologia e vem apresentando melhoras gradativas. Ele disse que o seu médico chegou a comentar sobre o uso do botox, mas, para isso, só depois que o tratamento não surtir mais efeito. “Por enquanto estou fazendo uso dos tratamentos de fisioterapia e fono, mas gostaria de experimentar algo que possibilitasse um resultado mais rápido”, salientou Daniel.

A aplicação do botox custa em torno de R$ 700 e as aplicações ocorrem nos consultórios médicos. Se o paciente apresentar inquietação ou crianças, elas podem ser aplicadas nos hospitais e nesse caso, é aplicado anestesia. O efeito do botox após aplicação é de 24 a 72 horas e precisa ser reaplicado a cada seis meses. 

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