FONTE: Silvana Blesa, TRIBUNA DA BAHIA.
A toxina butolínica tipo A mais
conhecida como botox é famosa entre as pessoas quando o assunto é
beleza, ou melhor, correção de rugas de expressão. Mas, poucas pessoas sabem
que essa substância é usada em pacientes com doenças neurológicas como
paralisia cerebral, trauma medular, paraplegia, entre outros. A toxina
butolínica tem sido usada com eficiência para tratar a espasticidade, rigidez
muscular que provoca dificuldade no movimento, principalmente nos braços e pernas,
que afeta a mobilidade da maioria das vítimas de acidente vascular cerebral
(AVC).
O AVC hemorrágico, tido como
forma mais fatal da doença, pode levar mais de 50% dos pacientes à
morte em até 30 dias. Entre os sobreviventes, metade fica com sequelas motoras
e cognitivas graves, tornando-os dependentes da ajuda de terceiros nas
atividades diárias. Após sofrer um derrame, pode ocorrer além de fraqueza em
algum membro, a instalação de uma rigidez involuntária (chamada de
espasticidade).
E é justamente para aliviar esse
sintoma que a toxina é utilizada. Em dose apropriada e locais selecionados, ele
ajuda a relaxar a musculatura facilitando os movimentos. O neurologista Leandro
Teles, disse que o tratamento de reabilitação do paciente após um AVC deve se
buscar todos os recursos em prol da melhoria da funcionalidade e da qualidade
de vida da pessoa. “No entanto, se existir espasticidade intensa, limitante e
localizada, a toxina botulínica deve sim ser discutida. É uma opção segura e
eficiente para casos selecionados”.
Além do tratamento da
espasticidade, o paciente pode necessitar de trabalho fisioterápico, fonoterapia
e psicoterapia. “Cada paciente precisa de um tratamento voltado para sua
recuperação global e para evitar novos AVC’s, por isso, uma equipe
muldisciplinar deve ser instituída com um foco comum: devolver ao máximo a
qualidade de vida a vítima de um AVC”, pondera o especialista.
O tratamento com a toxina botulínica tipo A
consiste na aplicação de uma injeção a cada quatro a seis meses, diretamente no
músculo rígido. A dosagem deve ser prescrita de acordo com as necessidades do
paciente. “A toxina visa relaxar a musculatura e facilitar o movimento,
geralmente é usada após alguns meses do AVC, pois a espasticidade não é
imediata. A dose deve ser cuidadosamente escolhida, pois o exagero pode causar
muita fraqueza muscular”, alerta Teles.
O neurologista ainda explica que
intervenções medicamentosas como os relaxantes musculares orais, e o uso de órteses (aparelhos
que servem para alinhar ou regular determinadas partes do corpo) também
promovem benefícios importantes. “Uma a cada seis pessoas no mundo terá um AVC.
Devemos concentrar os esforços em 3 níveis de atendimento: a prevenção (o mais
importante), o atendimento inicial (o mais deficitário hoje no Brasil) e a
reabilitação (o ramo que mais avança em termos de tecnologia e novos
procedimentos)”.
Daniel Rocha Freitas, 36 anos, teve um AVC
há um ano e ficou com sequelas no rosto e na fala. Ele vem fazendo tratamento
como fisioterapias e fonoaudiologia e vem apresentando melhoras gradativas. Ele
disse que o seu médico chegou a comentar sobre o uso do botox, mas, para isso,
só depois que o tratamento não surtir mais efeito. “Por enquanto estou fazendo
uso dos tratamentos de fisioterapia e fono, mas gostaria de experimentar algo
que possibilitasse um resultado mais rápido”, salientou Daniel.
A aplicação do botox custa em torno de R$
700 e as aplicações ocorrem nos consultórios médicos. Se o paciente apresentar
inquietação ou crianças, elas podem ser aplicadas nos hospitais e nesse caso, é
aplicado anestesia. O efeito do botox após aplicação é de 24 a 72 horas e
precisa ser reaplicado a cada seis meses.
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