FONTE: Raquel Paulino/iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
É comum ouvir que um bebê é uma
folha em branco em que os pais poderão, de acordo com seus padrões e
experiências,desenhar os
gostos, a personalidade e o caráter desse novo ser humano. Lindo pensamento,
mas a realidade não é bem assim. Pesquisas feitas em universidades dos EUA e da
Europa revelam que, desde os primeiros meses de vida, os bebês apresentam
noções e comportamentos que não foram previamente ensinados por adultos.
Você pode ficar surpreso
ao saber que os bebês...
...percebem quando
adultos cometem injustiças
Na Universidade de Washington (EUA), 47 bebês de até 15 meses de idade
observaram vídeos em
que um homem distribuía leite e bolachas para duas pessoas por vez. Quando as
quantidades foram iguais, as crianças não se alteraram. Quando uma pessoa
recebeu mais do que a outra, elas ficaram agitadas e decepcionadas ao se dar
conta de que o vídeo acabava sem que acontecesse um equilíbrio na distribuição.
...sabem a diferença
entre o bem e o mal antes de completar um ano
Uma apresentação de fantoches para bebês
com menos de um ano de idade ajudou o Departamento de Psicologia da
Universidade de Yale (EUA) a verificar o senso de moral infantil. No palco, um
boneco ajudava o protagonista a subir uma ladeira; em seguida, um terceiro
personagem empurrava o mocinho para baixo. Acabado o show, eram oferecidos aos
pequenos brinquedos iguais aos coadjuvantes da história. Todos quiseram o prestativo e
rejeitaram o vilão. Até este estudo ser realizado, acreditava-se que era a
partir dos dois anos de idade que as crianças conseguissem perceber a diferença
entre o bem e o mal.
...são um pouco racistas
Mas não no sentido agressivo – o caso
aqui é de identidade étnica. Em um estudo conduzido pela Universidade de
Sheffield (Reino Unido), bebês de três meses de idade tinham de escolher uma
foto de rosto de adulto dentre várias que lhes eram apresentadas. Eram retratos
de brancos, negros e orientais. O resultado: cada criança preferiu a imagem de
uma pessoa de etnia igual à sua. Segundo os pesquisadores, isso não significa que
serão adultos preconceituosos, apenas que se sentem mais confortáveis diante de
pessoas com quem se identificam.
...conseguem prever as
ações dos adultos
Coube ao Departamento de Antropologia da
Universidade da Califórnia (EUA) estudar a percepção dos bebês quanto às ações
dos adultos. O método: diante de crianças com até 18 meses de vida, um homem
colocava uma tesoura em uma caixa. Sem que ele visse, outro homem a escondia no
bolso de seu casaco. Um professor então perguntava à plateia: “Onde ele [o primeiro
homem] procurará a tesoura?”. Todas, independentemente da cultura – o estudo
foi feito dentro e fora dos EUA, chegando até à China – apontavam para a caixa.
Mesmo sabendo o local correto, elas conseguiram analisar a situação pela lógica
de quem não havia visto a tesoura ser escondida.
...entendem hierarquias
sociais e familiares
Aos dez meses de idades, bebês estudados
pela Universidade de Copenhague (Dinamarca) demonstraram surpresa ao ver, em
desenhos animados, personagens mais velhos ou maiores obedecendo às ordens dos
mais novos ou menores. Quando a situação era invertida, conseguiam prestar
atenção à história com mais facilidade. A partir dessa observação, o resultado
do trabalho sugere que a ordem da interação social é gravada muito cedo no cérebro
humano, e que as crianças entendem perfeitamente que quem manda são os adultos
(mesmo que os desafiem algumas vezes).
...identificam ritmos
musicais em menos de cinco segundos
E preferem as canções dançantes. Na
Universidade Brigham Young (em Utah, EUA), bebês de cinco meses de idade foram
expostos a uma sequência de músicas. Quando se tratava de um arranjo animado,
eles batiam palmas e mexiam o corpo. Assim que começava uma lenta, eles
imediatamente paravam e ficavam olhando para o infinito. No início de nova
faixa animada, já voltavam a se mexer, felizes. O tempo máximo de mudança de
comportamento no trocar de canções foi de cinco segundos.
...reconhecem a emoção
dos cachorros de acordo com o latido
Na mesma Universidade Brigham Young (em
Utah, EUA) foi conduzido um estudo envolvendo crianças e cães. Bebês de seis
meses que mal balbuciavam “mama” e “papa” conseguiram diagnosticar se um
cachorro estava bravo ou brincalhão pelo som de seus latidos. Depois de
assistir a diversos vídeos dos animais nas duas situações, os pequenos ouviram
apenas o áudio dos latidos e precisavam apontar para a foto dos bichinhos que
correspondesse a cada um. O índice de acerto foi próximo de 100%.
...têm noções de
matemática
Pelo menos para contar mentalmente até
três. A Universidade de Oregon (EUA) selecionou bebês de sete meses de idade
para um estudo em que eles eram expostos à gravação de uma, duas ou três
mulheres dizendo, simultaneamente, a palavra “Look” (em português, “olhe”). Em
seguida, lhes eram apresentadas três fotos (com uma, duas e três mulheres) para
que eles associassem uma das imagens ao som. A maioria das crianças soube
escolher aquela que correspondia à quantidade de vozes do que havia sido
reproduzida.
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