FONTE: Naira Sodré, TRIBUNA DA BAHIA.
Decibéis muito acima do tolerável
ocupam hoje o terceiro lugar no ranking de problemas ambientais que mais afetam
populações do mundo inteiro. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o
barulho não é simples incômodo. Barulho mata! Só por infarto, são 210 mil
mortes todo ano, aponta um relatório da OMS que deveria, este sim, sair da
surdina para soar em alto volume.
A poluição sonora ainda não
recebeu a devida atenção, lamenta o neurofisiologista Fernando Pimentel Souza,
um dos maiores estudiosos brasileiros dos
efeitos da poluição acústica na saúde humana.
Para combater a
poluição sonora, a Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do
Município (Sucom) desencadeou na cidade a Operação Sirele, que vem sendo
realizada em parceria com as polícias Civil e Militar, Guarda Municipal e
Transalvador, a operação já fiscalizou 15 bairros.
Só no último fim de semana, 31
autos de infração, 22 termos de apreensão de bens e confisco de 60 equipamentos
sonoros foram realizados pela Sucom. Os bairros de maior incidência foram:
Periperi, São Tomé de Paripe, Paripe, Praia Grande, São Marcos, Cajazeiras,
Águas Claras, Nova Brasília, Castelo Branco, Jardim Nova Esperança, Calçada,
Lobato, Alto do Cabrito, Alto da Terezinha, Rio Sena, além das localidades de
Itacaranha e Tubarão.
Desde que a operação foi iniciada, em 31 de
maio, até agora, a Sucom recebeu 19.253 reclamações, vistoriou 7.917 veiculos
particulares, 4.371 residências e 2.805 bares, restaurantes e boates. Os
agentes da Sucom estiveram ainda nos bairros da Boca do Rio, Federação e Cabula
V, através da Operação Integrada, que teve apoio da 23ª, 39ª e 41ª Companhias
Independentes de Polícia Militar (CIPMs). O cidadão pode denunciar abuso sonoro
através do disque poluição sonora (2201-6660), que funciona 24 horas. As operações
são sempre feitas aos fins de semana, quando o número de queixas aumenta muito.
“Somos assaltados o tempo inteiro por ruídos
altíssimos”, diz o otorrinolaringologista Arnaldo Guilherme. Só para você ter
uma ideia, o trânsito em cidades como Salvador, São Paulo e Belo Horizonte
alcança facilmente os 80 decibéis, o mesmo que um liquidificador ligado a 1
metro de distância. E, de acordo com a OMS, todo e qualquer som que ultrapasse
os 55 decibéis já pode ser considerado nocivo para a saúde. As pessoas não se
dão conta do problemão a que estão expostas porque as consequências não são
imediatas, elas vão se acumulando e só aparecem com o tempo”, diz Guilherme.
Nos dias altamente estressantes em que se
vive, o silêncio deve ser compreendido como um direito do cidadão,
diferentemente do que vem ocorrendo. “A poluição sonora é o mal que atinge os
habitantes das cidades, constituída em ruído capaz de produzir incômodo ao
bem-estar ou malefícios à saúde, cujo agravamento merece hoje atenção especial
dos profissionais do direito”, considerou o médico.
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