Mulheres que passam
por período de estresse intenso podem ter curso da gravidez alterado.
Durante a gravidez, mãe e filho estão interligados física e
psiquicamente. O que a mãe sente é percebido pelo bebê, mesmo porque o
estresse provoca alterações físicas. Segundo a ginecologista e obstetra da
Clínica Plena, Denise Wiggers, mãe de Vicente, o trauma em si não costuma
afetar o curso da gestação, mas algum estresse poderia, sim, desencadear
sintomas físicos.
Os ritmos corporais
mudam, provocando, por exemplo, aumento da frequência cardíaca. Dentro da
barriga, seu filho ouve as batidas do seu coração, o bombeamento do sangue, os
barulhos do sistema digestivo.
Dentro do possível,
o melhor é evitar situações estressantes, mas a gente sabe que nem sempre é.
Pode acontecer de a futura mãe sofrer um trauma, como a perda de alguém muito
querido. Qual o impacto de uma situação traumática sobre o bebê?
Nesta semana, o
músico Champignon cometeu suicídio e sua esposa, Claudia Campos, grávida de
cinco meses, ficou em estado de choque. Num caso como este, em que a pessoa
passa por um trauma, o bebê, que ainda não consegue codificar essa sensação,
recebe as emoções através das sensações da mãe.
Para a
psicoterapeuta Alina Purvinis, mãe de Larissa, Liana e Letícia, cita um estudo
do psiquiatra norte-americano David Viscott , que enfatiza o vínculo criado
entre mãe e bebê ainda na barriga. O autor simulou o barulho do sangue da mãe
passando rapidamente pelos vasos sanguíneos, representando uma situação de
estresse da grávida. O paciente submetido à experiência sofreu uma crise de
pânico apenas ouvindo o som. O experimento mostra que fatores emocionais
da grávida podem afetar a criança emocionalmente.
Se a mulher sofreu
um trauma ou estresse intenso durante a gestação, um dos caminhos é procurar
terapia de apoio ainda na gravidez para tentar minimizar os efeitos do trauma
para ela e para o bebê.
A professora da
Escola de Medicina de Monte Sinai e o psiquiatra Rachel Yehuda, junto com o
professor de medicina molecular Jonathan Seckl, estudaram as grávidas que
presenciaram o atentado às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, que aconteceu há
12 anos. As crianças nascidas pouco após o atentado apresentaram um nível de
cortisona (hormônio ligado ao estresse) no sangue mais alto do que a média da
população.
Para a psicóloga e
psicanalista Cynthia Boscovich não é possível generalizar sobre como cada
um irá responder a algum trauma ou estresse profundo, depende de algumas
variáveis como condição física, emocional e história de vida da pessoa.
“O que sabemos é que a glândula suprarrenal pode secretar algumas substâncias
no sangue, como cortisol ou adrenalina, que são capazes de fazer com que o
organismo se altere, o que causaria algum tipo de sintoma,como aumento da
pressão arterial ou dos batimentos cardíacos, sudorese, alterações do sono,
entre outros”, diz.
Mas, como lembra a
psicóloga, isso não deve ser encarado como regra. Muitas mulheres podem passar
por um estresse intensomas, com equilíbrio, mantendo certos cuidados e com
ajuda, podem seguir a gestação normalmente. Mas também pode acontecer de a
mulher sofrer com este trauma e, consequentemente, o bebê. Neste caso, o
indicado é procurar por um especialista que a ajude a superar ou lidar da
melhor forma possível com isso. Pode não ser fácil, mas buscar apoio ajuda
bastante.
Consultoria: Alina Purvinis, mãe de Larissa, Letícia e Liana, gestal-terapeuta (www.nucleogestalt.com.br); Denise Wiggers, mãe de Vicente,
ginecologista o obstetra da Clínica Plena; Cynthia Boscovich, mãe de Bruno e
Giovanna, psicóloga clínica, psicanalista,membro regular da sociedade
brasileira de psicanálise Winnicottiana,
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