FONTE: Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Uma nova estratégia
com potencial para tratar infecções generalizadas em portadores de diabetes do
tipo 1 foi proposta por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) em
artigo publicado na revista "Science Signaling" no final de janeiro e
divulgado nesta terça-feira (3), no site da Fapesp (Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo).
Em experimentos com
camundongos diabéticos, o grupo do Instituto de Ciências Biomédicas conseguiu
reduzir em 40% a mortalidade por infecção generalizada, ou sepse, ao tratar os
animais com uma substância capaz de inibir a síntese de um mediador
inflamatório conhecido como leucotrieno, que estimula a produção de glóbulos
brancos, responsáveis por defender o organismo de infecções. Drogas semelhantes
já são usadas no combate à asma e a outras doenças alérgicas.
"Nosso trabalho
mostrou que os camundongos com diabetes tipo 1 apresentam inflamação sem que
haja infecção, por conta da ação do leucotrieno LTB4. Essa inflamação de base
aumenta a suscetibilidade à sepse", explicou Luciano Filgueiras, autor
principal do artigo. Filgueiras explica que a diabetes tipo 1 se
desenvolve quando o próprio sistema imunológico do paciente destrói parte das
células pancreáticas responsáveis pela produção de insulina, fazendo com que os
níveis desse hormônio no organismo se tornem insuficientes para controlar os
níveis de açúcar no sangue.
A infecção
generalizada, chamada de sepse por cientistas, é caracterizada por uma
inflamação sistêmica potencialmente fatal, que produz mudanças na temperatura
corporal, na pressão arterial, na frequência cardíaca, na contagem de células
brancas do sangue e na respiração. As formas mais graves costumam causar
disfunção no funcionamento de diversos órgãos, condição conhecida como choque
séptico.
Os experimentos foram
conduzidos durante o doutorado de Filgueiras – parte no Laboratório de
Imunofarmacologia do Instituto de Ciências Biomédicas e parte no laboratório do
professor Henrique Serezani, na Indiana University – Purdue University
Indianapolis, nos Estados Unidos.
O modelo usado pelos
pesquisadores consistiu em induzir a diabetes tipo 1 em camundongos com a
injeção de uma droga que destrói as células pancreáticas produtoras de
insulina. "Nosso trabalho trouxe à tona uma nova possibilidade
terapêutica para essas drogas experimentais. E isso é relevante, pois nos
últimos 50 anos não surgiu nenhum tratamento capaz de aumentar a sobrevida de
pacientes com sepse de forma significativa", comentou o pesquisador.
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