A 10ª Câmara de
Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a decisão que
condenou uma empresa farmacêutica a pagar R$ 150 mil de indenização por danos
morais a uma mulher que engravidou após o uso de pílula anticoncepcional.
Segundo a Justiça, a
mulher afirmou que, em 1998, a empresa foi responsável pela comercialização de
várias cartelas de placebos. Na época, os anticoncepcionais Microvlar, sem
princípio ativo, ficaram conhecidos como "pílulas de farinha". Ela
teria comprado uma das unidades.
Lotes do remédio, que
era produzido pela Schering, hoje incorporada pela Bayer, foram lançados no
mercado entre janeiro e abril de 1998. O laboratório fabricante estava testando
uma nova máquina de embalagem e os comprimidos sem princípio ativo foram usados
nesse teste. Eles deveriam ter sido incinerados logo em seguida, mas houve um
desvio do material e as pílulas falsas acabaram nas farmácias.
As informações
constavam no site do Tribunal de Justiça de São Paulo na segunda-feira, 04. O
nome da farmacêutica não foi divulgado. A empresa alegou que o lote de placebo
nunca foi comercializado e que a mulher não teria provado a utilização correta
do medicamento. Para o relator do recurso, o desembargador João Batista de
Mello Paula Lima, a responsabilidade da empresa pelos danos causados é
objetiva, ou seja, não depende de culpa.
"Demonstrados
nos autos a existência de medicamentos falsos, a aquisição pela apelada do
contraceptivo 'microvlar', e o nascimento do filho da apelada. A
responsabilidade, portanto, da apelante, decorre da culpa objetiva ante a
negligência, imperícia, ou imprudência, de seus prepostos", disse o
desembargador.
Bayer.
Sobre o caso, a Bayer
HealthCare esclarece que no primeiro semestre de 1998, o laboratório Schering
(hoje pertencente à Bayer) utilizou material sem princípio ativo (denominado
placebo) em testes de um novo equipamento de embalagem. As unidades do material
de teste foram identificadas com uma sequência numérica de 15 dígitos e
encaminhadas posteriormente para incineração, sendo que todas as caixas foram
identificadas como "placebo". Algumas unidades do material foram
furtadas por pessoas não identificadas. Das investigações realizadas pelas
autoridades apurou-se que a Schering não comercializou as embalagens de teste no
mercado.
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