Homens homossexuais só podem ser solidários e doar sangue
no Brasil com a condição de passarem um ano sem terem relações sexuais. O empecilho é imposto há anos pelo governo brasileiro, mas segundo levantamentos,
têm prejudicado milhares de pessoas e desperdiçado milhões de litros de sangue,
todos os anos. E já foi pior: até 2004, homens que fazem sexo com homens (HSH)
eram proibidos de doar sangue.
Segundo a Super Interessante, em 2014, apenas 1,8% da
população brasileira doou 3,7 milhões de bolsas. Segundo a ONU, o ideal é que
entre 3 a 5% da população doe seu fluido. Ainda por cima, o IBGE avaliou que
101 milhões de homens vivem no Brasil e, desse total, 10,5 milhões se declara
homo ou bissexual. Pela matemática, com o preconceito da legislação brasileira,
são desperdiçados 18,9 milhões de litros de sangue por ano.
O Ministério da Saúde determina que as regras são
estipuladas para que os receptores possam estar protegidos de doenças durante
as transfusões. A restrição é ultrapassada e remonta uma época em que a
orientação sexual era fator predominante na decáda de 1980, quando os
homossexuais eram considerados o único grupo de risco.
Fontes ouvidas pela revista apontam que muitos
homossexuais mentem que mantém relações sexuais para conseguir doar sangue:
"O gay é obrigado a mentir a vida inteira. Mente para os amigos, mente no
trabalho, mente para família. É injusto ter que passar por isso e mentir para
um desconhecido sobre a orientação sexual, ainda mais por uma causa tão nobre
quanto a doação de sangue. Não quero mais mentir", diz Salomão*.
No Brasil, de 1980 a junho de 2015, 65% dos infectados
eram homens e 35%, mulheres. O número de casos se mantém estável no país, nos
últimos dez anos. A cada ano, são 40,6 mil novos casos da doença.
"Se ficar provado que o sangue é infectado, é uma
questão óbvia, lógica. Mas se um homem chegar e contar que é gay, isso o exclui
sem critério lógico algum. Restringir o direito da pessoa sem nem testar o
sangue, é partir do pressuposto que seu sangue é doente", afirma a jurista
Adriana Galvão, presidente da Comissão da Diversidade Sexual e Combate à
Homofobia da OAB de São Paulo.
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