FONTE: ***, TRIBUNA DA BAHIA.
De acordo com a nova diretriz, pacientes
diabéticos com índice de massa corpórea (IMC) a partir de 30 poderiam ser
submetidos a cirurgia de redução do estômago para controlar a doença.
Indicada
até agora para pacientes com obesidade grave, a cirurgia bariátrica passa a ser
recomendada também para o tratamento de diabete tipo 2 nos casos em que a
doença não for controlada com o uso de medicamentos.
A nova
diretriz, endossada por 45 associações médicas em todo o mundo, duas delas
brasileiras, foi publicada anteontem na revista Diabetes Care, da Associação
Americana de Diabetes. Para que a recomendação passe a valer no País, ainda
precisa ser tema de resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que avalia
o assunto.
De
acordo com a nova diretriz, pacientes diabéticos com índice de massa corpórea
(IMC) a partir de 30 poderiam ser submetidos a cirurgia de redução do estômago
para controlar a doença.
Pelas
regras brasileiras, só podem passar pelo procedimento pacientes com IMC acima
de 40 ou aqueles com índice superior a 35 quando apresentarem doenças
relacionadas ao excesso de peso, como a própria diabete. A nova recomendação é
apoiada pelas Sociedades Brasileiras de Diabete e de Cirurgia Metabólica e
Bariátrica.
Segundo
Ricardo Cohen, coordenador do Centro de Obesidade e Diabete do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz e um dos integrantes do grupo de especialistas que elaborou a nova
diretriz, estudos apontam que pelo menos 80% dos pacientes diabéticos que
passaram pela cirurgia tiveram melhora no quadro da doença. O médico explica
que a cirurgia promove maior equilíbrio dos índices glicêmicos não só por meio
da perda de peso.
"Há
outros mecanismos, como diminuição da resistência à insulina, aumento da
secreção de hormônios intestinais e mudança na flora bacteriana, entre outros
fatores que propiciam essa melhora, antes mesmo da perda de peso", diz
ele, um dos primeiros especialistas no mundo a estudar a cirurgia como opção no
tratamento da diabete. As pesquisas no País começaram em 2006.
Cohen
explica que os médicos seguiriam os critérios de uma escala de risco para
definir quais pacientes se beneficiariam da técnica, chamada de Escore de Risco
Metabólico. Entre os fatores avaliados estão o tempo de doença e de uso de
tratamentos convencionais, idade e comorbidades. De forma geral, a operação não
é indicada para quem tem menos de 20 e mais de 65 anos.
Mudança.
Foi a
partir da avaliação desses fatores de risco que a encarregada de finanças Ana
Paula Pompeu de Toledo Mello, de 40 anos, decidiu fazer a cirurgia dentro do projeto
de pesquisa que estudava a técnica em casos de diabete.
Ela
tinha obesidade leve, com IMC de 31, mas vivia com a diabete descompensada, já
havia desenvolvido hipertensão e tinha gordura no fígado. Em agosto do ano
passado, Ana passou pela cirurgia bariátrica.
"Se
fosse pelo sobrepeso, eu nunca teria a indicação da cirurgia, mas resolvi
tentar essa alternativa porque não conseguia controlar a glicemia só com
medicamento e tinha medo das complicações da doença, ainda mais por ter
recebido o diagnóstico jovem, quando eu tinha 30 anos", conta.
O
receio era reforçado por grandes estragos que a doença fez em sua família.
"Um tio teve de amputar a perna por causa da diabete e minha avó ficou
praticamente cega, perdeu 90% da visão", afirma.
Logo
após a cirurgia, diz Ana, os índices glicêmicos se normalizaram e ela não teve
mais de tomar nenhum tipo de remédio - alguns pacientes, no entanto, mesmo após
a cirurgia, precisam complementar o tratamento com medicamentos. Além disso,
desde a operação, Ana já perdeu 25 quilos.
*** As informações são
do jornal O Estado de S. Paulo.
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