FONTE: Alexandre Cunha, TRIBUNA DA BAHIA.
Publicada pelo Leia Já, site
parceiro do Tribuna da Bahia.
Benzina,
clorofórmio, éter e essência perfumada. Esta fórmula é responsável por uma das
drogas mais utilizadas na época do Carnaval, o "loló". Figura quase
como um elemento característico das ladeiras de Olinda e das ruas históricas do
Recife Antigo, nos dias de Momo.
Usado
indiscriminadamente, apesar de ser uma droga ilícita, o “sucesso” – como é
conhecido popularmente – pode causar graves problemas à saúde e, até mesmo,
parada cardíaca.
De
acordo com a Polícia, o consumo e a comercialização da substância inalante são
considerados infrações penais que podem levar à prisão.
"Se
a polícia, durante uma abordagem, encontrar uma pessoa com loló, a substância
será apreendida, assim como as demais drogas que encontrarmos durante a
época", afirmou o delegado Renato Rocha, da Delegacia de Repreensão ao
Narcotráfico (Denarc).
De
acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco, no Carnaval de
2013, das 8h do sábado às 8h da Quarta-Feira de Cinzas, foram apreendidos 1.178
tubos de loló.
Comercializada
a partir de baixos valores, se comparada a outras substâncias entorpecentes, a
droga é habitualmente inalada em roupas ou em latinhas. Pelo efeito ser breve,
o consumo em excesso se torna comum entre os usuários e é aí onde há o maior
risco.
“Já
atendi pacientes em parada cardíaca, também um que já chegou morto e não
conseguimos reanimar. O problema é que a inalação dessas substâncias causa
arritmia, ou seja, um distúrbio no ritmo dos batimentos cardíacos”, afirmou o
cardiologista Tomás Mesquita, do Hospital Jayme da Fonte.
Segundo
o médico, mesmo se não chega a causar um infarto, o "loló" tem uma
ação predominante no sistema nervoso central, o que pode impulsionar alterações
cognitivas como desequilíbrios emocionais, transtorno bipolar e até mesmo
depressão.
A
coordenação motora também fica vulnerável, com a possibilidade de o usuário ter
tremores musculares e falta de equilíbrio, danos que podem se tornar
irreversíveis.
“A
sensação agradável sentida após a inalação é breve. Pelo prazer que promove, a
droga estimula mais consumo, e nessa repetição você vai elevando os níveis das
substâncias no sangue”, alertou Mesquita.
Todos
os componentes da droga são considerados cancerígenos e a orientação médica é
evitar o uso em qualquer hipótese. O médico lembra que diferenças na composição
da droga, como maior concentração de alguma substância, potencializam os
perigos em relação à saúde.
De
acordo com o cardiologista, a maior incidência de consumo é mais no público
jovem, porém não há distinção em relação à situação financeira.
“Não
estamos falando de pessoas de pouco poder aquisitivo, são pessoas
economicamente privilegiadas, das classes média e alta”, afirma Mesquita. O
valor médio de uma ampola de 5 ml de loló está em torno dos R$ 3,00.
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