FONTE: Lucas Rodrigues, Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Um estudo da Faculdade de Medicina de
Jundiaí confirmou que as vacinas contra a rinite alérgica podem reduzir em até
80% os sintomas da doença, que é uma inflamação crônica na mucosa que reveste o
nariz. O tratamento, que existe ao menos desde a década de 1990, geralmente é
feito ao longo de mais de um ano e não está disponível no SUS (Sistema Único de
Saúde).
Para medir a eficácia, o pesquisador
Edmir Américo Lourenço, professor de otorrinolaringologia da faculdade,
analisou dados de 281 pacientes tratados com 30 doses da vacina, tomadas ao
longo de 14 meses. Verificou-se depois a evolução dos sintomas num período de
dez anos. "Constatou-se um índice de melhora total em torno de 79%,
analisando quatro sintomas: coceira, espirros, secreção e entupimento do
nariz."
A pesquisa foi publicada na revista
brasileira editada em língua inglesa "International Archives of
Otorhinolaryngology".
Segundo Milton Orel,
otorrinolaringologista especialista em rinite, a pesquisa não é uma novidade. A
qualidade da vacina para esse tipo de doença já foi testada por estudos
anteriores. "Recentemente conseguimos montar uma vacina superespecífica
para cada paciente. Quanto melhor a vacina, menores serão os efeitos
colaterais", afirma.
A OMS (Organização Mundial de Saúde)
definiu em 1997 orientações para a imunoterapia com alérgenos. Segundo a
entidade, a duração do tratamento para manter a melhoria dos sintomas é
desconhecida. Muitos estudos recomendam de 3 a 5 anos, mas a decisão de quando
interromper o uso da vacina deve ser individualizada.
Como funciona.
Orel explica que grande parte das
rinites é causada por algum fator alérgico. Os mais comuns são os
respiratórios, como ácaros da poeira, pelos de animais, fungos do ar e pólen.
Também existem causas irritativas, como cigarro, perfume e produtos de limpeza.
É possível ainda ter rinite por causas hormonais, emocionais e por reação a
medicamentos.
Para a produção da vacina é feita uma
pesquisa para detectar, na pele ou no sangue, quais fatores causam a alergia.
"Você injeta pedacinhos daquilo que dá alergia na pessoa em doses que vão
aumentando ao longo do tempo", afirma.
O custo do tratamento pode variar de
acordo com o consultório, mas gira em torno de R$ 2 mil por ano.
Lourenço ressalta que a vacina só é
recomendada em casos graves de rinite alérgica, quando a qualidade de vida do
paciente está comprometida. Em geral, o uso de soro nasal e sprays com
corticoides são suficientes para reduzir os sintomas da rinite.
"Recomendamos quando a qualidade
do sono do paciente está muito ruim, afetando seu desempenho profissional e
social. Quando ele tem alterações no humor porque acaba dormindo mal, quando
tem ressecamento de garganta, pigarro e faringite frequentes."
Rinite não tem cura.
"A rinite é uma doença crônica,
assim como hipertensão e diabetes. Não tem nenhum tratamento que cure para
sempre. É uma questão de controle dos sintomas", afirma Francisco Mazon,
clínico geral e pneumatologista da USP (Universidade de São Paulo).
Para evitar as crises, Mazon
recomenda que as pessoas retirem tapetes, carpetes e cortinas de casa, troquem
cobertores por edredons e evitem bichos de pelúcia. "É importante também
manter a casa arejada, sem pontos de mofo e umidade em excesso."
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