FONTE: Nelson Rocha, TRIBUNA DA BAHIA.
Nas décadas de 60 e 70 do século passado, a maior
parte das mulheres no Brasil engravidava entre os 15 e 20 anos.
Nas
décadas de 60 e 70 do século passado, a maior parte das mulheres no Brasil
engravidava entre os 15 e 20 anos. Com a emancipação feminina, a igualdade de
direitos, conquista de espaço no mercado de trabalho e o advento da pílula
contraceptiva, a gravidez passou a ser adiada e a ocorrer depois dos 25 anos.
Atualmente, com o conhecimento de que as causas de infertilidade são iguais
entre o homem e a mulher, a maioria delas de classe média tende a engravidar
mais tarde, geralmente depois dos 30, 35 anos e até aos 40 anos. “Isso
dificulta por que ela já nasce com o número de óvulos pré-determinado. Quando a
mulher está na barriga da sua mãe, no sexto mês já sabe o número de óvulos que
vai ter ao longo de sua vida”, afirma a doutora obstetra Genevieve Coelho,
especialista em fertilidade.
Conforme
a médica, o número de óvulos vai acabando com o passar dos anos. “É como uma
poupança: cada mês ela vai tirando dinheiro, vai sacando, sacando, sacando e
quando chega aos 50 anos já era e ela perde a capacidade reprodutiva. A
menopausa é isto, a ausência de óvulos. A partir dos 40 a mulher já perde a
capacidade até de engravidar. Ela continua até menstruando, ovulando, mas
aquele óvulo já é velho, apesar de uma mulher nesta idade não ser velha, o
óvulo é e o DNA já está muito danificado”, explica, acrescentando que a partir
dos 40 anos aumenta o risco da gravidez resultar em filho (a) com Síndrome de
Down, doença genética em que a pessoa tem 47 cromossomos em vez dos 46 normais.
“O corpo não vai envelhecendo, o rosto, a pele, então o óvulo, que é uma célula
que carrega o nosso patrimônio genético, esse é mais vulnerável ainda ao
processo do envelhecimento”, diz.
Na
clínica IVI de reprodução humana da doutora Genevieve Coelho, localizada na Av.
Paulo VI, bairro da Pituba, as mulheres na faixa etária dos 38 anos são as que
mais procuram a unidade para consultas e tratamentos. Hoje, de maneira
genérica, os especialistas apontam que as causas da infertilidade apresentam um
curioso equilíbrio: 40% por fatores femininos, o mesmo percentual devido a
fatores masculinos e 20% por fatores da mulher e do homem associados. Um estudo
realizado no início da década apontou que se depois de seis meses de relações
sexuais não ocorrer à gravidez, o casal que quer ter filho deve procurar um
especialista em reprodução para investigar causas e buscar soluções para o
problema.
Nas
mulheres jovens pode ser a endometriose – presença do endométrio (tecido
interno do útero que o prepara para receber a gestação) fora da cavidade
uterina, o fator provocador da infertilidade. Todo mês, quando a gestação não
ocorre, parte do endométrio descarna, dando origem à menstruação.
Alteração na ovulação, das trompas, deficiência no transporte do óvulo
fecundado, dificuldade de fertilização do óvulo e dificuldade de aderência do
óvulo fecundado podem estar na origem dos problemas. “A endometriose
ocorre muito na população brasileira, principalmente na raça negra.
É uma
inflamação que acaba distorcendo o ovário, obstruindo a trompa, o que pode
levar à infertilidade numa mulher jovem. Também tem as infecções pélvicas, as
doenças sexualmente transmissíveis, e no Brasil temos incidência alta
entre a população jovem, que também inflama a trompa”, pontua a médica.
Fatores
que podem causar esterilidade.
Entre
os homens, a causa mais comum de infertilidade é a baixa produção de
espermatozóides. Motoristas de caminhão, cozinheiros, metalúrgicos, profissões
que expõem os homens a temperatura mais altas na altura do quadril pode
comprometer a qualidade do esperma, assim como o consumo de antidepressivos,
remédio para a calvície e o excesso de álcool.
“Portanto,
às vezes o problema não é da mulher, mas do homem. Então infertilidade nunca é
de uma pessoa, mas do casal também. Tem uma tendência um pouco maior naquela
mulher que atrasa a gravidez, deixa pra engravidar depois dos 35 anos, problema
que ocorre também no homem. Hoje em dia nós sabemos que o estilo de vida, o
estresse, tudo isso modifica a qualidade seminal”.
Para a
mulher que tem menos de 35 anos e enfrenta dificuldades em engravidar, a médica
sugere esperar mais um ano, um ano e meio, porém sempre praticando. Se
depois das tentativas não ocorrer gravidez, a sugestão é procurar um especialista
ou o ginecologista. “Não perca tempo com fórmulas mágicas, procure o médico
para lhe orientar e ver se você não tem alguma doença. Muitas vezes as coisas
acontecem por causa da desinformação, mas tudo tem uma solução, depende do
tempo que se leva para buscar a solução. Às vezes os casais jovens passam três,
quatro anos tentando engravidar e não conseguem, quando deveriam ter procurado
o médico com seis meses, um ano, um ano e meio”, orienta.
A
fecundação em vitro, ou a fertilização em vitro é a união do óvulo com o
espermatozóide no laboratório, a fim de obter embriões já fecundados para
transferir para o útero materno. Já a inseminação artificial ou inseminação
intrauterina, técnica de reprodução medicamente assistida que consiste da
deposição artificial do sêmen nas vias genitais femininas, são duas
formas científicas finais que podem solucionar o problema da
infertilidade, ambas recomendadas por doutora Genevieve Coelho, que
revela ser esta última técnica a mais utilizada pelos casais baianos com
dificuldade de gravidez.
“O
grande problema é o preço, entre R$15 e R$ 20 mil. É caro”, observa. Já a
inseminação intrauterina, recomendada apenas quando o homem tem o esperma
fraco, o custo fica entre de R$ 1. 000,00 e R$ 1.500,00. “Mas o povo não estar
querendo engravidar por causa da zika”, conclui a médica.
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