FONTE: Paula Moura, Colaboração para o UOL (noticias.uol.com.br).
Um estudo avaliou a
eficácia de uso de maconha em cigarros eletrônicos e descobriu que é uma
alternativa mais segura aos cigarros comuns para tratamento terapêutico. A
pesquisa publicada na Scientific Reports, do grupo da revista Nature,
na quinta-feira (26), enfatizou a utilização de óleo de haxixe extraído com
butano em vez da planta in natura. Segundo os autores do Centro Universitário
de Medicina Legal de Lausanne, na Suíça, é uma nova forma de administrar os
canabinoides.
A vaporização como
forma de usar os componentes medicinais da planta cannabis é estudada na
medicina há cerca de dez anos, mas não havia sido testada cientificamente nos
chamados e-cigarettes. "A grande novidade é o estudo do uso do óleo no
formato de e-cigarette em vez da planta in natura", diz Renato Filev,
pesquisador da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Os vaporizadores são
mais seguros porque quando a maconha é fumada em cigarro comum pode produzir
fumaça prejudicial à saúde. Os canabinoides, como THC e BHO, para fazer o
extrato usado no cigarro eletrônico foram extraídos com gás butano para
produzir o óleo de haxixe concentrado. Amostras dos vapores gerados por três
e-cigarettes foram coletadas e analisadas, apresentando muito menos substâncias
tóxicas.
Os dispositivos
usados para a vaporização são filamentos que esquentam para que as substâncias
virem vapor sem que haja queima, explica Filev.
"Qualquer
matéria orgânica ao ser levada à combustão pode produzir substâncias tóxicas:
hidrocarbonetos, que danificam os tecidos, alcatrão e monóxido de carbono (que
prejudica troca gasosa no sangue)." Fumar o cigarro comum também pode
causar desconforto pulmonar, como aperto no peito, chiado, entre outros
sintomas.
Apesar de ser menos
tóxico, o óleo pode arrastar outros tipos de produtos como agrotóxicos, traços
do solvente ou mesmo fungos e bactérias, aponta o brasileiro. Ele explica que
geralmente se usa a flor da planta, que concentra a maior quantidade de resina.
Essa resina contém THC (tetrahidrocanabidiol) - substância psicoativa, que
provoca euforia-- e CBD ou canabidiol, ambos com efeito medicinal e atuantes
contra convulsões.
Vincent Varlet e seus
colegas da Suíça avaliam que a vaporização também foi mais eficaz do que
remédios com o concentrado de canabidiol ingeridos oralmente.
Além da redução de
substâncias tóxicas, os autores da pesquisa acreditam que o uso do extrato e da
vaporização representa um risco baixo de serem usados por consumidores de
maconha para uso recreativo. Isso porque a solvência do óleo de haxixe de
butano em refis comerciais líquidos dificultam a fabricação de refis com
concentrações altas de óleo, que são preferidas por esses usuários.
Eles ressaltam que,
como apenas um tipo de e-cigarette foi analisado no estudo, outros dispositivos
de outras marcas e de extratos podem produzir canabidinoides diferentes e
outros níveis de compostos voláteis.
Uma limitação do estudo é que não se comparou o vapor de
óleo de haxixe versus a planta in natura também vaporizada, apenas queimada."
Renato Filev,
da Unifesp
Brasil proíbe venda de
cigarros eletrônicos.
No Brasil, há apenas
vaporizadores importados e geralmente são mais usados para uso recreativo do
que medicinal. Esses dispositivos não geram fumaça nem cheiro forte.
"Pessoas usam em locais públicos e passam despercebidos", diz Filev.
Os cigarros eletrônicos
são proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segundo a agência
reguladora, "a medida levou em consideração a falta de comprovação
científica sobre a eficácia e a segurança do produto".
A assessoria de
imprensa da Anvisa disse que a proibição foi decidida após consulta pública com
a participação de órgãos de defesa do consumidor e que os produtos foram
desaconselhados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no final de 2008.
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