FONTE: *** Yannik D´Elboux, Colaboração
para o UOL, no Rio de Janeiro, (estilo.uol.com.br).
“Namorei cinco anos um amigo da família, que
morava perto, mas minha mulher nunca soube”, conta Pedro*, 50, vendedor de uma
multinacional, casado há 25 anos e pai de duas filhas, de 18 e 21 anos. Apesar
de se reconhecer como homossexual, ele mantém o casamento para não prejudicar a
vida que estabeleceu, inclusive profissional, e por medo de magoar as filhas.
“Não sei se conseguiria encará-las.”
Poucos sabem da vida dupla de Pedro. Avesso à exposição e ao mundo gay, ele confessa que é preocupado demais com o “que os outros vão falar”.
Para satisfazer seus desejos, o vendedor teve relacionamentos discretos com outros homens ao longo dos anos. Com o rapaz com quem namorou por cinco anos, que também era noivo de uma mulher na época, Pedro tinha o disfarce perfeito para a família. Os dois trabalhavam no mesmo segmento e viajavam juntos para atender clientes.
Apesar de conseguir acomodar vidas paralelas, Pedro revela o desgaste de ter de mentir. “É cansativo ter dois papéis, porém, no momento, prefiro manter como está”, fala.
A angústia de esconder a orientação sexual da mulher por anos foi o que levou o gerente executivo Fabrício*, 31, a revelar a verdade. Há cinco anos, após dez de casamento, ele contou para ela que é bissexual e que se relacionava sexualmente com homens. “Achava que era um direito dela saber se era isso mesmo que queria para a vida dela.”
Fabrício tinha certeza de que essa revelação custaria o fim do casamento. Porém, ele não suportava mais se esconder. “Para minha surpresa, ela disse que isso não era um empecilho para manter nossa relação”, conta. “Hoje estou extremamente feliz e resolvido com minha mulher, só falta contar para minha filha”, diz o gerente, pai de uma menina de 12 anos.
Poucos sabem da vida dupla de Pedro. Avesso à exposição e ao mundo gay, ele confessa que é preocupado demais com o “que os outros vão falar”.
Para satisfazer seus desejos, o vendedor teve relacionamentos discretos com outros homens ao longo dos anos. Com o rapaz com quem namorou por cinco anos, que também era noivo de uma mulher na época, Pedro tinha o disfarce perfeito para a família. Os dois trabalhavam no mesmo segmento e viajavam juntos para atender clientes.
Apesar de conseguir acomodar vidas paralelas, Pedro revela o desgaste de ter de mentir. “É cansativo ter dois papéis, porém, no momento, prefiro manter como está”, fala.
A angústia de esconder a orientação sexual da mulher por anos foi o que levou o gerente executivo Fabrício*, 31, a revelar a verdade. Há cinco anos, após dez de casamento, ele contou para ela que é bissexual e que se relacionava sexualmente com homens. “Achava que era um direito dela saber se era isso mesmo que queria para a vida dela.”
Fabrício tinha certeza de que essa revelação custaria o fim do casamento. Porém, ele não suportava mais se esconder. “Para minha surpresa, ela disse que isso não era um empecilho para manter nossa relação”, conta. “Hoje estou extremamente feliz e resolvido com minha mulher, só falta contar para minha filha”, diz o gerente, pai de uma menina de 12 anos.
Desejo de família e paternidade.
Existem muitos fatores que levam homossexuais a
se envolverem em um casamento heterossexual. Alguns experimentam desejos
homoafetivos na adolescência, contudo, às vezes, demoram a se perceber como
gays.
“Muitos se casam porque se apaixonam por uma mulher e só mais tarde vem a certeza de que são homossexuais, porém já vieram os filhos e eles não querem desmanchar o casamento”, declara a psicóloga Vera Moris, professora e pesquisadora da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, coordenadora do Homopater, grupo de apoio e orientação a homens e pais em relacionamentos homoafetivos.
A vontade de ter filhos também impulsiona alguns homens, mesmo sendo gays, a se casarem com mulheres. O modelo heteronormativo aparece na cabeça de muitos como único caminho possível para realizar o sonho de ter uma família.
Depois de casados, os que se sentem infelizes nem sempre terminam a relação por temerem perder o vínculo com a família, por isso acabam optando por uma vida dupla. “Eles sentem medo de fazer mal aos filhos e de serem rejeitados”, diz Vera.
“Muitos se casam porque se apaixonam por uma mulher e só mais tarde vem a certeza de que são homossexuais, porém já vieram os filhos e eles não querem desmanchar o casamento”, declara a psicóloga Vera Moris, professora e pesquisadora da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, coordenadora do Homopater, grupo de apoio e orientação a homens e pais em relacionamentos homoafetivos.
A vontade de ter filhos também impulsiona alguns homens, mesmo sendo gays, a se casarem com mulheres. O modelo heteronormativo aparece na cabeça de muitos como único caminho possível para realizar o sonho de ter uma família.
Depois de casados, os que se sentem infelizes nem sempre terminam a relação por temerem perder o vínculo com a família, por isso acabam optando por uma vida dupla. “Eles sentem medo de fazer mal aos filhos e de serem rejeitados”, diz Vera.
Autoaceitação e separação.
Não conseguir encarar a própria bissexualidade
foi o que fez com que Fabrício adiasse a conversa com a mulher sobre sua
orientação sexual. Apesar de ter tido experiências homossexuais na
adolescência, por motivos religiosos, ele não lidava bem com sua sexualidade.
“Não estava confortável comigo mesmo, só depois que aceitei minha
bissexualidade me senti pronto para dividir com ela”, fala.
Mesmo sem coragem de contar para a mulher sobre sua homossexualidade, Pedro pretende se separar. “Quero morar sozinho, ter mais liberdade, a família que eu queria já tenho. Meu maior erro foi não ter me permitido ter relações sexuais antes do casamento”, diz o vendedor, que se casou virgem.
Segundo Vera, existem homens que levam uma vida dupla por bastante tempo e o processo de separação é lento, entretanto, quase sempre acontece. “A orientação sexual não é uma escolha, não tem como fugir, tem de enfrentar”, afirma.
*** Nomes trocados a pedido dos entrevistados.
Mesmo sem coragem de contar para a mulher sobre sua homossexualidade, Pedro pretende se separar. “Quero morar sozinho, ter mais liberdade, a família que eu queria já tenho. Meu maior erro foi não ter me permitido ter relações sexuais antes do casamento”, diz o vendedor, que se casou virgem.
Segundo Vera, existem homens que levam uma vida dupla por bastante tempo e o processo de separação é lento, entretanto, quase sempre acontece. “A orientação sexual não é uma escolha, não tem como fugir, tem de enfrentar”, afirma.
*** Nomes trocados a pedido dos entrevistados.
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