O Campeonato Brasileiro começa sob risco de anulação por
falhas na aplicação do Profut - lei que refinanciou as dívidas dos clubes em
troca de medidas de responsabilidade. Isto porque a CBF deveria exigir de todos
os clubes participantes que apresentassem os documentos exigidos pela lei:
certidões negativas de débito com a União, certificado de regularidade do FGTS
e comprovação de pagamento dos contratos de trabalho e imagem de todos os
atletas. Segundo o Ministério do Esporte, caso a lei não seja cumprida, a CBF
pode ser punida até com o afastamento do presidente, Marco Polo Del Nero.
"No mérito, não há dúvida quanto ao fato de que as
disposições da lei são aplicáveis a todas as entidades esportivas que organizem
ou participem de competições profissionais de futebol, independentemente de
terem aderido ou não ao programa de refinanciamento de dívidas
tributárias", sustentou o Ministério do Esporte.
Clubes ouvidos pelo Blog afirmam que a entidade não
exigiu os documentos. No entanto, no dia 11 de abril a entidade tomou ciência
de que a lei 13.155 já deveria ser cumprida para este campeonato.
Em documento de quase 100 páginas, o Ministério do
Esporte explicou em parecer à CBF todas as medidas a serem tomadas e as
consequências do não cumprimento. O documento foi enviado em resposta ao ofício
de número 26/16 enviado pela própria entidade, em que perguntava se já deveria
fiscalizar o Profut este ano.
"O posicionamento deste Conselho se torna
indispensável tendo em vista que os requisitos em questão têm gerado inúmeras e
contraditórias situações de inclusão e exclusão (rebaixamento) de clubes em
competições já em curso", escreveu a CBF.
A resposta foi contundente. Os advogados do ministério ainda
alertaram para o fato de que se a CBF não cumprisse o que manda a lei, qualquer
torcedor ou cidadão comum poderia ingressar com ação questionando a validade do
campeonato. O mesmo vale para o Ministério Público ou os próprios clubes.
"Gera uma situação de insegurança jurídica",
disseram em parecer, argumentando:
"Pode legitimar o interesse de clubes que se sintam
prejudicados em seus interesses em virtude da omissão".
Punições à CBF.
O afastamento do presidente da CBF está previsto no
Estatuto do Torcedor (art 37):
"I - destituição de seus dirigentes, na hipótese de
violação das regras de que tratam os Capítulos II, IV e V desta Lei;
II - suspensão por seis meses dos seus dirigentes, por violação dos dispositivos desta Lei não referidos no inciso I"
Os benefícios dos Profut já foram recebidos pela maior
parte dos clubes que disputam o campeonato. Ao todo, foram refinanciados quase
R$ 5 bilhões. De acordo com a lei, quem recebeu o benefício deve prestar contas
à CBF e à União das medidas de responsabilidade fiscal, como manter os salários
dos atletas em dia, pagar os impostos, reduzir déficits, entre outros aspectos.
Caso não cumpram com estas exigências, os clubes são
eliminados do refinanciamento, devem pagar os tributos sem parcelar e ainda
serão rebaixados de divisão.
O diretor de ética da CBF, deputado federal Marcelo Aro,
foi um dos que tentou derrubar a lei, através de seu partido, o PHS. A medida
não teve efeito.
O Blog perguntou à CBF se a lei estava sendo cumprida e
não obteve resposta.
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