O famoso sorriso metálico não é mais exclusividade das
crianças. Com o aumento da expectativa de vida no país, há também um movimento
diferente na procura por procedimentos estéticos. “Ainda não temos isso
mensurado cientificamente, mas percebemos que há alguns anos não se falava em
cirurgia plástica ou tratamentos ortodônticos em adultos. Hoje, não só a saúde
bucal, mas o corpo como um todo recebe muita atenção, o que influencia
diretamente na autoestima e longevidade”, explica o presidente do Conselho
Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Claudio Miyake (CROSP: 37416).
A busca pelo sorriso perfeito faz com que muitos adultos
cheguem ao consultório em busca do aparelho odontológico apenas por uma questão
estética, sem problemas dentários ou ósseos para serem resolvidos. Essas duas
últimas situações, segundo o professor titular de ortodontia da Universidade de
Juiz de Fora Robert Vitral (CROMG: 9146), são as causas mais comuns para o uso
do aparelho. Os problemas dentários ocorrem quando falta ou sobra espaço entre
os dentes, quando eles estão mal posicionados ou, também, quando o paciente tem
dentes a mais ou a menos. Já os problemas ósseos têm ligação com o
posicionamento da mandíbula e da maxila, que podem estar desalinhadas e
interferindo na oclusão.
Em casos nos quais os problemas são dentários, o uso do
aparelho na fase adulta pode ser efetivo. O procedimento em si é feito da mesma
forma que nas crianças: o dentista cola os bráquetes nos dentes do paciente e,
então, seleciona um fio que atue de acordo com o resultado esperado. Porém, em
função dos dentes já estarem em uma posição estável e a fase de crescimento já
ter acabado, o tratamento precisa ser mais suave. “Em crianças as condições
costumam ser mais favoráveis, pois a dentição é mista [formada por dentes de
leite e dentes permanentes], então você já consegue ver os espaços da troca dos
dentes e pode utilizar esses espaços a favor do tratamento", diz Vitral.
Generalizações, porém, não são cabíveis para explicar o tratamento, pois o
tempo e a forma como ele será feito sempre vai depender da avaliação feita por
cada dentista ou ortodontista.
Um ponto que exige atenção para quem vai colocar o
aparelho durante a vida adulta são as doenças periodontais. Miyake ressalta que
quando o paciente está com problemas nas gengivas, tártaro ou periodontite, o
uso de aparelho não é recomendado, pois há risco de perder o dente, visto que
os tecidos de sustentação estão fragilizados. Primeiro é preciso resolver o
problema periodontal com um especialista na área e, em seguida, avaliar se é
possível fazer o tratamento ortodôntico.
Já nos casos em que o problema é ósseo, a única
alternativa para os adultos pode ser uma cirurgia. Quando o paciente está em
fase de crescimento, é possível realinhar a mandíbula e maxila através do
aparelho ortopédico, mas quando esses ossos já estão formados, só a força dos
fios não é capaz de reparar o problema. Nesses casos, segundo Vitral, é preciso
um trabalho conjunto do cirurgião com o dentista, pois os dentes devem estar
corretamente alinhados para que a cirurgia possa corrigir o posicionamento da
mandíbula ou maxila.
Não há idade certa para ter a boca saudável e com a
popularização e os avanços dos procedimentos odontológicos, cada vez mais gente
pode ter acesso aos tratamentos. No caso dos aparelhos ortodônticos, um dos
atrativos para os adultos são os bráquetes em cerâmica, que não interferem
tanto na beleza do sorriso durante o uso. Mas, independentemente da idade, os
cuidados com a higiene são indispensáveis para obter bons resultados. Os
bráquetes são fatores potenciais no acúmulo de alimentos e desenvolvimento de
placa bacteriana, o que exige do paciente uma higiene oral impecável, com
escovação adequada, uso de fio dental e enxaguante bucal.
É importante lembrar que depois de tirar o aparelho é
preciso utilizar contenção nos dentes inferiores e aparelho removível superior.
O professor da UFJF explica que quando o paciente chega no consultório para
fazer o tratamento, aquele problema é a situação estável, o natural para o
corpo do paciente. A situação após a terapia é uma alteração, uma situação não
estável. “De uma forma bem simples, podemos dizer que os dentes são ligados aos
ossos por meio de fibras que tem características elásticas. Se você puxa um
elástico, a tendencia é que ele volte. As modificações tem uma tendencia a
voltar ao que era normal para ela, tenta retornar à situação estável”, diz
Vitral. Portanto, para que o organismo se acostume àquela nova condição, é
indispensável que o paciente use esses dois outros mecanismos.
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