FONTE: Adilson Fonseca, TRIBUNA DA BAHIA.
Corte de recursos coloca em risco
programa que distribui medicamentos subsidiados.
No Vale
do Ogunjá, Calçada e Ribeira, as lojas da Farmácia Popular do Brasil, programa
instituído pelo Ministério da Saúde em 2006 para a distribuição com preços
subsidiados de medicamentos fecharam as portas desde o ano passado, juntamente
com 24 unidades, totalizando 27 em todo o Estado. Restaram as sete unidades
mantidas pela Fundação Osvaldo cruz e as da rede privada, conveniadas com o
Governo federal.
Agora é
o próprio Ministério da Saúde que admite que a falta de recursos pode
inviabilizar o programa este ano, deixando de atender na Bahia mais de 70
municípios, incluindo Salvador. O ministério emitiu nota,. No início do mês de
que os recursos do orçamento destinados ao programa farmácia Popular só são
suficientes para o mês de agosto. O problema resulta do fato de que a redução
de R$ 5,5 bilhões afetaria o programa, que na sua maior parte é feito em
parceria com a iniciativa privada para a venda subsidiada de remédios para
várias doenças à população.
Conforme
explicou a vice-presidente do Sindicato dos Farmacêuticos na Bahia
(Sindifarma), Eliane Simões, desde o ano passado, quando o Governo do Estado
fechou as 27 farmácias da rede própria, operadas através da Sesab, que a
situação da população necessitada piorou. Ela disse que até hoje há um
questionamento no ministério Público sobre o porquê do fechamento das unidades
mantidas pelo Estado. “Quem acaba pagando é a população carente”, disse.
O
corte, que pode chegar a R$578 milhões, vai permitir que em todo o País apenas
460 unidades sejam mantidas com recursos do próprio ministério. Já as unidades
credenciadas, que na Bahia, conforme a relação da Secretaria Estadual da Saúde
(Sesab) são 1.233, das quais 217 estão em Salvador, ainda mantém o subsídio que
permitem a venda de medicamentos com até 90% de desconto do preço original.
Prejuízos.
O Programa Farmácia Popular do Brasil atua em duas linhas de trabalho. A
primeira, com recursos próprios do Ministério da Saúde, é feita em parceria com
prefeituras e secretarias estaduais de saúde, enquanto a segunda linha de ação
é feita em convênio com a iniciativa privada, que vende medicamentos com até
90% de subsídios. As unidades próprias são operadas pela Fundação Oswaldo Cruz.
No ano
passado, alegando prejuízos com a manutenção do programa, o Governo do Estado
fechou 27 unidades das Farmácia Popular do Brasil, mantendo apenas os
estabelecimentos conveniados e unidades que foram absorvidas pela Fundação
Osvaldo cruz (Fiocruz). À época, a Secretaria estadual da Saúde argumentou que
tinha gastos mensais de R$ 7,5 milhões, para uma receita de pouco mais de R$ 1
milhão. Em Salvador afora as lojas da rede privada conveniadas com o Ministério
da Saúde,ficaram apenas sete farmácias do programa – Amaralina, Comércio,
Liberdade, Brotas, Roma, Cajazeiras e Boca do Rio.
A
vice-presidente do Sindifarma, Eliane Simões, também contesta as alegações, à
época, de que os medicamentos que eram distribuídos gratuitamente nas farmácias
popularespodem ser encontrados nas unidades de saúdes da Sesab na capital e no
interior do Estado. “O que a gente constata é que faltam medicamentos básicos
na rede de saúde pública, quanto mais aqueles mais complexos.
Há ainda a questão do repasse de recursos do Ministério da
Saúde, que atrasa e é insuficiente para atender á demanda de estados e
municípios, e a farmácia popular é um suporte para as populações mais carentes
e que necessitam desses medicamentos”, emendou.
O anúncio de cortes dos recursos foi feito no início do mês e deverá afetar,
principalmente, a continuidade dos convênios com a rede privada.
Em nota
na semana passada, o Ministério da Saúde disse que o Programa Farmácia Popular
é complementar ao acesso já garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
aos medicamentos essenciais, e constam da Relação Nacional de Medicamentos
Essenciais, distribuídos gratuitamente também nos postos e centros de
saúde pública. Apesar dos cortes no orçamento, a nota diz que não se cogita da
extinção dos programas.
Nova formatação do projeto está em curso, diz Secretaria da
Saúde.
Em
nota, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que a nova
formatação do projeto Farmácia Popular já está em curso e envolve a
vinculação das unidades que fazem parte da rede própria serão administradas
pela Bahiafarma. Além disso, a reestruturação envolve os municípios, que
ficarão responsáveis pela gestão operacional das farmácias, mediante
manifestação de interesses dos prefeitos em reativar o programa para que sejam
criadas as unidades em suas cidades.
Na
Bahia atualmente a rede própria, que antes era mantida pela Sesab mediante convênio
com mo ministério da Saúde, está sendo operada pela Fundação Oswaldo Cruz, com
sete lojas em Salvador e duas no interior do estado. Isso acontece
enquanto não se define os procedimentos que serão a adotados na nova formatação
do programa que será administrado também pela Bahiafarma. Dos 1.233
medicamentos disponíveis na Relação do Ministério da Saúde para serem incluídos
no programa, mediante a comercialização subsidiada, 12 deles são gratuitos.
Ministério.
Em nota também, o Ministério da Saúde informou no último dia (25) que o
Programa Farmácia Popular tem papel complementar de acesso aos medicamentos,
desenvolvido através da parceria com Estados, Municípios e o setor varejista de
medicamentos, permitindo a população ter uma alternativa importante, reduzindo
os gastos familiares com medicamentos e impedindo a descontinuidade do
tratamento.
Seguindo
a nota, o governo federal já investiu R$ 10,4 bilhões para ampliação do
Programa e na oferta dos medicamentos, saltando de um orçamento de R$ 34,7 milhões,
em 2006, para R$ 2,8 bilhões no ano passado. O comunicado do Ministério
da Saúde informa ainda que existe uma dotação orçamentária de R$ 2,98 bilhões
para o Farmácia Popular em 2016. E que atualmente, o Programa conta com 34.682
farmácias conveniadas que beneficiam 4.446 municípios. A nota finaliza
afirmando que o orçamento de 2016 ainda está sendo negociado e que caso se
confirmem os cortes, que o ministério vai avaliar as áreas afetadas.
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