No
calor, é difícil resistir às bebidas refrescantes, como refrigerantes, sucos de
frutas cítricas, bebidas esportivas e cerveja. Entretanto, a acidez presente
nestes líquidos pode comprometer sua saúde bucal. Quando consumidos
frequentemente, podem provocar a erosão dentária, um desgaste lento,
progressivo e irreversível da camada mais externa do dente, o esmalte. O que
classifica o nível de acidez e o impacto da bebida nos dentes é o pH, que
indica se o produto é ácido ou básico. Quanto menor o pH, mais ácido. Quanto
maior, mais básico. Quando indica o valor 7, o produto em questão é
classificado como neutro. As bebidas mais ácidas são os refrigerantes à base de
cola (pH 2,5), sucos de frutas cítricas (em média pH 3,5), bebidas esportivas
(pH 2,95), bebidas alcoólicas como vinho (pH 3,3 a 3,7) e cerveja (pH 3,7 a
4,1).
Professora
doutora em Odontologia Restauradora, Lia Alves Schinetski (CROSP 75229) explica
que as bebidas ácidas causam o amolecimento do esmalte do dente, isto é, a
erosão dental. “O consumo não deve ser muito frequente. Estudos mostram que
quanto maior a frequência, mais erosão acontece e, consequentemente, maior é o
desgaste causado”, afirma. Além disso, é preciso ter outro cuidado: aguardar
pelo menos 30 minutos após o consumo de bebidas ácidas para fazer a escovação.
Caso feita antes deste tempo, o procedimento remove o esmalte do dente que foi
“amolecido”, desgastando ainda mais a superfície dentária.
Lia
explica que os líquidos ácidos causam um processo chamado de desmineralização:
“Quando o pH da boca diminui, o dente começa a perder minerais e, a médio e
longo prazo, isso pode acarretar na perda total do esmalte dentário, levando a
problemas estéticos e também de sensibilidade”. Por isso, é preciso aguardar um
tempo para escovar os dentes. Assim, há remineralização do dente, causada pela
ação da saliva. Outra alternativa é fazer bochechos com flúor, o que minimiza o
impacto negativo.
Sandra
Kalil (CROSP 40596), membro da Câmara Técnica de Odontopediatria do Conselho
Regional de Odontologia de São Paulo, explica que nos casos de erosão dentária,
a reabilitação é complicada: “conforme o esmalte vai se desgastando, a dentina
é exposta, causando sensibilidade dentária e alteração de cor.” Por isso, o
tratamento é difícil e requer acompanhamento constante.
De
acordo com Lia, a perda do esmalte deixa os dentes suscetíveis às cáries e
lesões na região gengival. “Essa é a parte do dente em que o esmalte é mais
fino e, por isso, onde mais desgasta por conta das bebidas ácidas”, explica.
Quando a lesão é leve e a pessoa sente sensibilidade, pode ser feito um
tratamento à laser associado à substâncias que agem na condução dos estímulos
nervosos que fecham os pequenos canais da região. Quando o desgaste é moderado
ou grande, é indicado fazer restauração com resina. “Por isso, é importante que
as pessoas diminuam a frequência de consumo das bebidas ácidas e não escovem os
dentes logo após a ingestão”, aconselha Lia.
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