FONTE: Maria Júlia Marques, Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Mulheres com
endometriose têm mais que o dobro de problemas sexuais em relação a mulheres
sem a doença, de acordo com
pesquisa da ginecologista Flávia Fairbanks, publicada pela USP (Universidade de
São Paulo).
A endometriose
acontece quando há problemas na saída do tecido endometrial, que descama
normalmente durante a menstruação. Em vez desta mucosa que recobre o útero ser
eliminada, ela gruda em outras partes do corpo, como os ovários ou a bexiga, e
gera lesões.
Cerca de 6,5 milhões
de brasileiras têm endometriose e sofrem com os sintomas, que vão de
intensas cólicas menstruais à dificuldade para engravidar, dor
na barriga e dor durante o sexo.
A pesquisa analisou
583 mulheres, sendo que 254 pacientes tinham endometriose e 329 mulheres não
tinham a doença. Na avaliação geral, 43,3% das pacientes com
endometriose apresentaram disfunções sexuais, entre as sem a doença as
disfunções ocorreram em apenas 17,6%.
Passei três anos
conversando com mulheres doentes e elas perdiam o desejo sexual, a excitação.
Algumas nunca tinham orgasmos e outras desistiram da vida sexual devido à
dor."
Flávia
Fairbanks, ginecologista.
Normalmente, de
acordo com Fairbanks, o maior problema sexual entre mulheres é a falta de
vontade de ter relação, um transtorno mais comum. Porém, no grupo de pacientes
com endometriose, as taxas de dor tiveram números mais altos.
Com o estudo, a
ginecologista conclui que existe relação direta entre a doença e a piora do
sexo e pede que o acompanhamento médico leve o tema em consideração durante o
tratamento.
Não é só um problema
físico.
Nas consultas de
rotina, os ginecologistas se preocupam em achar o órgão que a endometriose
afetou e lidar com a infertilidade, mas a doença não atrapalha apenas o físico
das mulheres. A pesquisa revela também que um terço das pacientes tinha
depressão ou ansiedade severa associada à endometriose.
"Precisamos
conversar sobre sexo desde a primeira consulta, olhar para o psicológico, as
disfunções sexuais afetam a qualidade de vida."
A endometriose tem
quatro graus e sua intensidade varia dependendo do órgão acometido e da
profundidade das lesões. A doença tem tratamento, que pode ser feito com
remédios ou por cirurgia.
"Não falamos em
cura, pois cura é quando podemos afirmar que não vai mais voltar. Mas é
possível controlar a endometriose e ficar sem os sintomas, mantendo sempre a
vigilância", diz Fairbanks.
Dependendo do nível
da doença, as pacientes afetadas conseguem engravidar e até fazer parto normal
sem impedimentos. A gravidez pode beneficiar as mulheres, como a menstruação
não ocorre durante os nove meses e o período de amamentação, os sintomas da
endometriose acalmam.
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