Quando
as primeiras pílulas anticoncepcionais foram lançadas na década de 1960, sua chegada no mercado
significou uma revolução nos hábitos sexuais – e foi um grande passo rumo à
emancipação das mulheres no mundo ocidental.
Agora,
quase 60 anos depois, surge o Natural Cycles, um método
inovador como uma saída à contracepção hormonal instigando as mulheres a
tomarem conhecimento sobre seus próprios corpos. Trata-se de um aplicativo que
monitora com algoritmos a taxa de fertilidade feminina, sem intervenção de hormônios ou dispositivos no
organismo.
Na
prática, funciona quase como uma tabelinha 2.0: todos os dias a usuária mede
sua temperatura com um termômetro basal colocado debaixo da língua e registra
no app para que o algoritmo calcule seu ciclo menstrual e suas possíveis
variações. A temperatura é crucial para visualizar em que fase do ciclo a
mulher está.
Por
exemplo: depois da ovulação, o aumento dos níveis de progesterona faz com que o
corpo da mulher fique 0.45ºC mais quente. O calor também interfere na taxa de
sobrevivência dos espermas, nas alterações no ciclo e, consequentemente, nos
picos de fertilidade. É o resultado desse cálculo que determina como o
aplicativo vai alertá-la: com um cartão vermelho sobre a necessidade de
proteção nos dias em que ela estará mais fértil, ou verde quando não há risco
de fecundação ao transar desprotegida (o sistema não protege contra DSTs).
Mas
é justamente por lidar com informações tão precisas e pessoais que é bastante
reducionista dizer que o Natural Cycles funcione como uma tabelinha. Ao
contrário do método adotado pelas nossas bisavós, o app respeita o fato de que
nem todas as mulheres têm ciclos regulares de 28 dias, e calcula os avisos
partindo do princípio de que seja possível engravidar em apenas 6 dias por mês.
Essa
adaptação ao calendário de cada mulher aumenta os acertos de quais dias a
usuária corre o risco de ficar grávida ou não. Aliás, se usado corretamente, o
Natural Cycles seria um método mais seguro que a camisinha e com taxas de
eficácia semelhantes à pílula – em testes realizados com mil mulheres, menos de
cinco engravidaram após o sistema ter mostrado “cartões verdes” em dias
férteis.
As
taxas de eficácia do algoritmo desenvolvido pela física nuclear suíça Elina
Berglund e seu marido Raoul Scherwizl chamaram a atenção dos órgãos de saúde. A
organização de inspeção e certificação alemã Tüv Süd testou clinicamente o
Natural Cycles em dois estudos com mais de 4 mil mulheres – e acaba de
classificá-lo como um método de contracepção confiável na categoria médica,
podendo ser prescrito pelo National Health Service, do Reino Unido, assim como
acontece com preservativos, implantes e pílulas. O aplicativo é o primeiro
software do mundo a ser oficialmente certificado por autoridades de saúde.
“É
muito empolgante que agora exista uma alternativa comprovada às formas convencionais
de evitar a gravidez, e que seja possível substituir medicamentos por
tecnologia”, afirmou a fundadora Elina Berglund, em entrevista ao site Business Insider. À revista Wired, Berglund conta
que criou o aplicativo porque queria que seu corpo ficasse um tempo sem pílula.
“Mas eu não encontrava boas formas naturais de controle de natalidade, então
desenvolvi um aplicativo para mim mesma.”
O
Natural Cycles já tem 150 mil usuárias em 161 países. É possível testá-lo
gratuitamente por um mês, e o pacote anual custa US$ 4,20 mensais com o
termômetro basal incluso.
Vale
lembrar que o aplicativo é totalmente voltado para controle de natalidade.
Apenas o uso de preservativo feminino ou masculino previne a transmissão de
doenças venéreas.
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