FONTE: Alana Gandra/Agência Brasil (www.redetv.uol.com.br).
O estudo
Vigitel da Saúde Suplementar, divulgado hoje (21) pela Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS), revela que os beneficiários de planos de saúde do país
fumam 42% menos, se alimentam melhor e praticam mais exercícios, mas ainda há
excesso de peso e obesidade em boa parte dessa população.
O estudo
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico (Vigitel) é feito pelo Ministério da Saúde desde 2006, em todas as
capitais e no Distrito Federal. A partir de 2008, o Vigitel foi ampliado, em
parceria com a ANS, e passou a englobar beneficiários de planos de saúde. Esta
é a quarta edição da pesquisa envolvendo as duas instituições. As anteriores
foram publicadas em 2009, 2012 e 2015, tendo como referência o ano anterior.
O Vigitel da
Saúde Suplementar identificou redução de 42% no número de fumantes entre os
beneficiários de planos de saúde, que caíram de 12,4%, em 2008, para 7,2%, em
2015. “Isso é muito bom”, disse à Agência Brasil a diretora de Normas e
Habilitação dos Produtos da ANS, Karla Santa Cruz Coelho. Significa que a
política de combate ao tabagismo, com leis federais e aumento de incentivos
fiscais, orientaram e deram mais informações sobre os riscos do tabagismo,
segundo ela.
Em
contrapartida, ocorreu crescimento de 12,5% na proporção de beneficiários de
planos de saúde com excesso de peso. A proporção de 46,5%, em 2008, subiu para
52,3% em 2015. Do mesmo modo, a proporção de obesos nessa população evoluiu
36%, passando de 12,5% para 17% no mesmo período.
Em relação à
inatividade física, ou sedentarismo, houve redução de 16,2%. A proporção caiu
de 19,1% para 16% na mesma comparação. “Parece que as pessoas estão mais
saudáveis, fazendo mais atividades físicas. Isso foi bom, mas ainda não se
reflete na redução do peso”. Houve ainda aumento de 21,8% nas pessoas que
consomem regularmente a quantidade recomendada de frutas e hortaliças, que
alcança cinco ou mais porções diárias durante cinco ou mais dias da semana.O
lercentual passou de 27% para 32,9%. “Esse também é um dado positivo para a
ANS”, disse Katia.
Fatores de risco.
A Agência
Nacional de Saúde Suplementar avalia os fatores de risco para doenças crônicas
não transmissíveis (DCNT) recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a diretora, as DCNT matam mais pessoas no mundo por doenças que
poderiam ser preveníveis, entre as quais doenças cardiovasculares, neoplasias e
doenças respiratórias crônicas. Segundo a OMS, as doenças crônicas não
transmissíveis são responsáveis por 70% dos óbitos registrados em 2014,
equivalentes a 38 milhões de mortes. No Brasil, as DCNT responderam, em 2013,
por 72,6% das causas de morte.
Para reverter
esse quadro, Katia Coelho destaca a necessidade de mudanças nos hábitos da
população. Na saúde suplementar, a ANS estimula as operadoras a adotarem
programas de promoção da saúde e prevenção de doenças que gerem resultados
específicos para um grupo de pessoas. “A gente identifica os problemas dentro
daquelas operadoras, de forma oportuna, e procede ao monitoramento para que as
ações em saúde possam atuar nesses indicadores”, disse ela.
Kátia entende
também ser necessário articular a rede de atenção, que deve ser
interdisciplinar e intersetorial. Para isso, a ANS desenvolve diretrizes
clínicas baseadas em evidências, com foco no excesso de peso e obesidade,
“porque precisamos reverter essa questão importante”. O comitê gestor da
agência discute periodicamente as ações voltadas para os beneficiários de
planos de saúde e planeja sua implementação.
A adesão das
operadoras a esses programas é voluntária. Katia destacou, porém, que se elas
aderirem, recebem pontuação melhor na ANS. Os programas são cadastrados e
avaliados por especialistas que trocam informações com as operadoras
participantes de oficinas regionais com a ANS para melhorar os programas.
“Muitas já têm resultados positivos e a gente traz para o debate, para que elas
apresentem para as outras, dependendo do assunto que estão trabalhando”,
salientou.
Exames preventivos.
A ANS está em
tratativas com o Ministério da Saúde para fazer novo Vigitel este ano, para
avaliação da saúde suplementar em 2016. Além dos fatores de risco para doenças
crônicas não transmissíveis, o Vigitel avalia exames diagnósticos preventivos
do câncer, como mamografia, Papanicolau e de colo de útero.
Segundo a
diretora, é muito importante a detecção precoce do câncer de colo de útero e de
mama. “A gente observou que 88,3% das beneficiárias de planos de saúde fazem o
exame dentro do padrão recomendado para o câncer de mama; 91,9% fizeram o Papanicolau
em algum momento da vida, sendo 87,3% nos últimos três anos”, explicou.
A medida serve
também para avaliar o acesso a esses exames pelas beneficiárias de planos. A
conclusão, disse Katia, é que não há dificuldade para a realização desses
exames na saúde suplementar. “E a gente também orienta sobre o diagnóstico
precoce dessas doenças, o que permite uma sobrevida melhor dessas pacientes e
um tratamento mais adequado”.
A quarta
edição do Vigitel da Saúde Suplementar foi feita com base em 53.021 entrevistas
por telefone, das quais 30.549 pessoas afirmaram ter plano de saúde, sendo
19.345 mulheres e 11.204 homens.
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