Teste indica grau de capacidade
de digestão; hábitos alimentares devem ser adaptados de acordo.
O resultado positivo em um exame
para detectar intolerância à lactose não significa que é preciso entrar em
pânico e tirar completamente o leite e todos os seus derivados da dieta.
Antes de tudo, é preciso lembrar
que intolerância não é alergia e, portanto, na maioria dos casos não é preciso
ser tão radical na hora de restringir a alimentação.
“Tirar a lactose completamente
pode privar muito a dieta. Mesmo que tenhamos uma variedade grande de alimentos
sem a substância, ainda assim não justifica se não for uma intolerância de alto
grau”, defende Clayton Camargos, nutricionista e doutor pela Universidade de
Barcelona.
Para descobrir o grau de
tolerância de cada pessoa, é preciso fazer um exame. O paciente colhe uma
amostra de sangue e, em seguida, ingere um líquido com grande concentração de
lactose.
Depois disso, tem seu sangue
coletado mais algumas vezes em um período de normalmente duas horas. No
laboratório, a glicemia é medida em cada amostra. Como a lactose é o açúcar do
leite, pessoas capazes de digeri-la apresentarão aumento no nível de açúcar no
sangue. Os intolerantes, por outro lado, terão pouca ou nenhuma mudança.
Com acompanhamento de um
profissional, o paciente deverá adaptar sua dieta para não precisar
radicalizar, se não tiver um nível muito alto de intolerância, mas também não
prejudicar seu organismo.
“Quanto maior a exposição, maior
vai ser a manifestação dos sintomas. Se você mantém o consumo alto, a
intolerância vai aumentar. Isso agride a mucosa do intestino e aumenta a
dificuldade em absorver a lactose”, explica Camargos.
Uma boa notícia para os
intolerantes é que uma nova determinação da Anvisa exige que os
fabricantes citem no rótulo dos produtos o nível de lactose. Serão três
‘categorias’: zero lactose, baixo teor e contém lactose.
Assim, ficará mais fácil adaptar
a dieta de acordo com o nível de intolerância. O nutricionista comemora a
iniciativa.
“[A Anvisa] acertou demais. É
preciso regulamentar o mercado com o ‘boom’ que isso se tornou no Brasil. Há
alimentos que se dizem sem lactose, mas na verdade não são exatamente o que se
propõem ao consumidor.” A indústria tem dois anos para se adaptar à regra, a
partir de fevereiro de 2017.
Diversos produtos anunciados como
'sem lactose', têm, na verdade, a substância já 'digerida'. Isso acontece com
os leites de vaca 'sem lactose' vendidos no mercado. A adição da lactose no
produto já é suficiente para resolver o problema de muitos intolerantes. No
entanto, algumas pessoas com intolerância mais severa apresentam reações mesmo
a esses produtos.
Quando
suspeitar.
A intolerância à lactose tem
quatro sintomas principais, explica Camargos. “São principalmente diarreia,
náusea (às vezes com vômito), cólicas, dores abdominais de maneira difusa
(principalmente no baixo ventre) e inchaço do abdome. Eles começam a se
manifestar entre 30 minutos e duas horas após ingerir um alimento com lactose.”
Algumas etnias têm maior
propensão à condição, como asiáticos, negros, hispânicos e indígenas do
continente americano. Como a intolerância é também genética, os brasileiros,
com fortes traços dessas etnias, são bastante afetados.
Além da genética, a condição pode
aparecer com o envelhecimento, quando o indivíduo vai produzindo cada vez menos
lactose (enzima da digestão da lactose), ou como resultado de alguma doença que
compromete o intestino. Bebês prematuros também têm mais chances de serem
intolerantes à lactose, pois a produção de lactose ocorre principalmente no
último trimestre da gravidez.
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