“Respirar
pela boca durante o sono cria condições que favorecem o surgimento da cárie”,
categoriza Marcos Fernando Santiago (CROSP 66251), professor do curso de
Especialização em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais da
Faculdade São Leopoldo Mandic. De acordo com um estudo feito pela Universidade
de Otago, na Nova Zelândia, dormir de boca aberta pode aumentar as chances de
desenvolvimento de problemas bucais, como lesões e erosão do esmalte.
O
professor salienta que é importante compreender que não somente o ato de
respirar pela boca é responsável pelo surgimento de cáries. A médio prazo, o
costume faz com que a mucosa bucal e as faces dos dentes ressequem em função da
diminuição do fluxo salivar. “Há, também, consequentes quedas na concentração
de imunoglobulinas presentes na saliva e diminuição do pH do ambiente bucal”,
explica.
Como
as células de defesa da saúde bucal estão presentes na saliva, a boca se torna
vulnerável, sem defesas aos microorganismos patogênicos. “Estes microorganismos
precisam se alimentar da placa bacteriana aderida nas faces dos dentes para
produzir os ácidos que atacam o esmalte dentário, gerando a cárie”, afirma
Santiago.
O
ressecamento da mucosa bucal também aumenta o nível de acidez. A pesquisa
mostrou que em pacientes que respiram com a boca aberta durante a noite, a
acidez encontrada pela manhã era de 6,6, enquanto o normal é o pH neutro, de 7.
Vale ressaltar que o desenvolvimento de cáries devido à condição está
associado, também, à má higiene e ingestão de alimentos cariogênicos, ricos em
carboidratos fermentáveis ou açúcares, como pão branco, bolo, bolachas e doces.
A união desses dois fatores torna o ambiente bucal favorável ao surgimento de lesões.
Além
disso, respirar pela boca durante a noite colabora para outros problemas.
Santiago explica que o ato pode levar a sérias alterações de desenvolvimento
craniofacial, como mordida aberta e/ou cruzada e oclusão dentária, quando
ocorre uma diferença de tamanho das arcadas dentárias. Outros exemplos de
possíveis problemas são atresia maxilar, que é uma deficiência no crescimento
transversal da maxila; encurtamento de lábio; desvio de septo nasal; deglutição
atípica; mastigação ineficiente; alteração do sono, como síndrome de apneia
obstrutiva do sono e doença periodontal.
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