FONTE: Maciel, da Agência Brasil, CORREIO
DA BAHIA.
Dor pontual não
deve ser negligenciada, alerta especialista.
A
dor crônica é relatada por 37% dos brasileiros, aponta pesquisa da Sociedade
Brasileira para Estudo da Dor (SBED). Os dados desse estudo foram debatidos no
4º Congresso da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas em Dor
(Sobramid), que terminou no domingo (9) em Campinas, no interior paulista.
Métodos inovadores como uso de estímulos elétricos com tecnologia sem fio
também estiveram na pauta do encontro, que reuniu mais de 200 profissionais
especializados no tratamento deste tipo de dor que persiste por, no mínimo,
três meses.
O
anestesiologista Charles Amaral de Oliveira, presidente da Sobramid, aponta que
a dor aguda, que ocorre de forma pontual, não deve ser negligenciada, pois é
dela que se formam os casos crônicos. “A dor aguda acusa a pessoa de que algo
de errado está no corpo e isso é um sinal de alerta. A dor crônica deixa de ser
um sinal e passa a ser a própria doença. E ela vai levando a um desdobramento,
que é estresse, ansiedade e depressão, que agravam a dor”, explica. “A dor, por
sua vez, piora os quadros depressivos. Você entra nesse ciclo vicioso, que
precisa ser interrompido.”
A
pesquisa mostra que a faixa etária média de ocorrência da dor é 41 anos. Em
relação ao sexo, as mulheres são maioria entre os relatos de dores crônicas na
maior parte das regiões. Apenas na Região Nordeste este quadro se inverte: os
homens representam 52% e as mulheres 42%. A intensidade da dor relatada foi
maior de 6 (em uma escala 1 a 10) em todas as regiões do país. Esse nível é
considerado moderado e suficiente para interferir nas atividades diárias.
O
estudo foi apresentado pela primeira vez no Brasil no Sobramid. Os dados foram
divulgados em um congresso no Japão em formato de pôster ciêntífico (uma
ilustração resumida da pesquisa mostrada em encontros e conferências). Foram
entrevistadas 919 pessoas de todas as regiões do país, respeitando a densidade
demográfica e a heterogeneidade da população apontadas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além da SBED, estiveram
envolvidos no trabalho as instituições Hospital Universitário da Universidade
Federal de Santa Catarina, Aliviar Medicina da Dor e Centro de Ensino e
Treinamento Integrado de Medicina do ABC Paulista.
Inovação.
Uma das técnicas de tratamento discutidas no congresso foi a neuromodulação com uso de tecnologia wireless. A estimulação elétrica para tratamento da dor já é conhecida, mas a possibilidade de não usar fios para acionar os eletrodos traz praticidade e qualidade de vida para os pacientes, segundo Oliveira. “A corrente elétrica trafega por vias de condução muito rápida e a dor vem por estradas muito lentas. Somente entende-se que é dor quando essa informação chega ao cérebro. Se a gente compete com uma corrente elétrica, colocando energia estimulando aquele nervo, ela satura a rodovia, e a dor, que vai a passos de tartaruga, não chega”, diz.
Uma das técnicas de tratamento discutidas no congresso foi a neuromodulação com uso de tecnologia wireless. A estimulação elétrica para tratamento da dor já é conhecida, mas a possibilidade de não usar fios para acionar os eletrodos traz praticidade e qualidade de vida para os pacientes, segundo Oliveira. “A corrente elétrica trafega por vias de condução muito rápida e a dor vem por estradas muito lentas. Somente entende-se que é dor quando essa informação chega ao cérebro. Se a gente compete com uma corrente elétrica, colocando energia estimulando aquele nervo, ela satura a rodovia, e a dor, que vai a passos de tartaruga, não chega”, diz.
O
anestesiologista explica que esse método reduz o uso de medicamentos orais, que
produzem efeitos colaterais e, depois de um tempo, pode não apresentar
resultados. No método convencional, o eletrodo é inserido na coluna vertebral e
a bateria é fixada superficialmente no final da coluna, similar a um marcapasso.
Já os impulsos pela tecnologia sem fio são emitidos por um gerador acoplado a
um cinto externo, que é posicionado sobre uma pequena antena implantada no
corpo dos usuários. Outra vantagem, segundo Oliveira, é que exames de
ressonância magnética, comumente requeridos para esses pacientes podem ser
feitos sem contraindicação.
Prevenção.
O uso de celulares e tablets pode ser um fator que contribua para o aumento de dores crônicas. “A cabeça na posição ereta e vamos falar que está a 0º, ela pesa 7 quilos no adulto. A cabeça na posição de 60º, cabeça passa a pesar 27 quilos. Estamos falando de maus hábitos que a tecnologia trouxe para a população”, alertou o médico.
O uso de celulares e tablets pode ser um fator que contribua para o aumento de dores crônicas. “A cabeça na posição ereta e vamos falar que está a 0º, ela pesa 7 quilos no adulto. A cabeça na posição de 60º, cabeça passa a pesar 27 quilos. Estamos falando de maus hábitos que a tecnologia trouxe para a população”, alertou o médico.
Práticas
saudáveis, como boa alimentação e atividade física regular são medidas de prevenção
para esse tipo de dor. Oliveira reforça a necessidade de procurar um
profissional, quando a dor persiste. “A gente tem que não negligenciar a dor
aguda. Automedicação todo mundo faz, mas não se pode fazer automedicação por um
tempo prolongado. Se essa dor vai perpetuando por um tempo mais longo, é motivo
de se procurar a ajuda”, apontou.
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