Desgastes provocados pelos ácidos
das frutas podem levar ao tratamento de canal e outros problemas dentários.
Muitas pessoas têm
o hábito diário de consumir alimentos ácidos e em grande quantidade.
Refrigerantes durante as refeições, café em reuniões ou intervalos, o tempero da
salada com vinagre e limão e até as inocentes frutas. Frutas? Isso mesmo.
Ser saudável está
se tornando prioridade na vida das pessoas e isso tem elevado o consumo de
frutas em geral que, a longo prazo, pode gerar desgastes incrivelmente
agressivos em regiões específicas dos dentes que ficam expostas em razão de
diversos problemas. Esse desgaste é chamado de erosão ácida, conforme explica o
dentista Gregório Sagara.
“Às vezes não
percebemos quão ácidas algumas frutas são. A maçã e a uva, por exemplo, podem
ter acidez semelhante à laranja, ou mesmo a banana, que tem acidez equivalente
a do tomate, que também é fruta”, diz.
Mas qual o mal
dessas agressões? “Basicamente, o dente é composto por quatro estruturas: o
esmalte, camada externa que fica exposta na boca; a dentina, camada abaixo do
esmalte; o cemento, camada que reveste a raiz; e polpa, composto por nervos e
vasos sanguíneos que dão a sensibilidade aos dentes. O consumo de alimentos
ácidos faz com que as regiões de cemento e dentina expostas, se desmineralizem
microscopicamente e, após anos de agressão, gera cavidades. Os desgastes são
nítidos e em quadros avançados há a exposição e contaminação da polpa,
necessitando de tratamento de canal”, detalha o especialista.
Sintomas
Para saber se você
possui problemas com erosão ácida, faça o autoexame da boca, procurando por
regiões amareladas nas pontas dos dentes e buracos em regiões próximas à
gengiva. O sintoma mais comum desse tipo de agressão é a sensibilidade ao
consumir alimentos e líquidos gelados ou até mesmo ao puxar o ar pela boca.
O grau de
intensidade da sensibilidade pode variar de acordo com o nível de desgaste,
proximidade com a polpa dentária e características pessoais. Em seguida, é
importante passar por avaliação odontológica para diagnosticar e tratar as
causas das exposições de raiz e dentina, como bruxismo, escovação agressiva,
periodontite, movimentação por aparelho dentário, perda de dentes ou
instabilidade de mordida e, assim, definir um plano de tratamento.
O acompanhamento
com controle da alimentação, higienização adequada, uso de cremes dentais
específicos, restaurações e até recobrimento cirúrgico gengival, são recursos
utilizados a fim de impedir o contato dos ácidos com essas regiões agredidas e
diminuir os sintomas.
Algumas medidas
podem diminuir a evolução do problema como consumir menos alimentos ácidos e
com menos frequência (no caso das frutas ácidas); evitar vinagre e limão nas
saladas; utilizar canudos para bebidas como refrigerantes e sucos; fazer
bochecho com água logo após o consumo de ácidos e aguardar no mínimo uma hora
para a escovação – escovar os dentes logo após alimentação remove o restante de
cristais que não foram removidos pelos ácidos. A saliva possui uma função
essencial na neutralização da acidez oral, chamado de efeito tampão, assim
recuperando parcialmente os minerais dos dentes em cerca de uma hora.
Algumas doenças,
chamadas de fatores intrínsecos também podem causar erosão ácida, como refluxo
gastroesofágico, gastrite crônica e transtornos alimentares, como a bulimia,
podendo, também, desenvolver sensibilidades.
“É importante
salientar que as frutas possuem valores e propriedades nutricionais essenciais
para nossa saúde, porém, o que vale é o equilíbrio no consumo, sem exageros e
sem esquecer de que nada substitui a higienização com escova e fio dental”,
finaliza o dentista.
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