FONTE: Eduardo Carneiro, Colaboração para o UOL, (http://noticias.uol.com.br).
Uma pesquisa inédita
no Brasil, desenvolvida na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da
Universidade de São Paulo (USP), está analisando a efetividade do uso de
estimulação cerebral no combate à obesidade.
A primeira fase do
trabalho, que começou em junho e está sendo comandado pelas pesquisadoras
Priscila Giacomo Fassini e Vivian Marques Miguel Suen, consiste numa emissão de
corrente elétrica de baixa intensidade e não invasiva da atividade cerebral das
pacientes, na região responsável pelo controle da fome.
Este processo, chamado
de técnica de estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS), já está
sendo testado em outros países, e os primeiros resultados indicaram a eficácia
no controle do desejo de alimentos e do apetite. O diferencial do projeto
brasileiro é que ele terá maior duração e número de sessões.
"Essa técnica
melhora os processos cognitivos, que são chave para a autorregulação do
comportamento alimentar. Estudos preliminares demonstraram o potencial da tDCS
de diminuir o desejo de alimentos e a ingestão alimentar, melhorar os processos
cognitivos relacionados ao controle inibitório e modular a atividade de redes
cerebrais", explica Priscila Fassini, nutricionista doutora em Ciências e
pós-doutoranda da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
"O controle inibitório
tem sido inversamente associado com o comer em excesso, a obesidade e o índice
de massa corporal (IMC) em estudos transversais, longitudinais e
experimentais", completa.
De acordo com a
especialista, participam do estudo 36 mulheres voluntárias de 20 a 40 anos com
índice de massa corpórea (IMC) entre 30 e 35kg/m2 (considerado obesidade). Elas
encontram nesta técnica uma nova esperança de emagrecer. "As sessões não
causam dor ou desconforto e foram muito bem recebidas pelas primeiras voluntárias
que já iniciaram a sua participação no estudo", relata.
Com os estudos em
andamento, Priscila Fassini enfatiza que a mudança no estilo de vida ainda é o
tratamento mais indicado para quem luta contra a obesidade. "Precisamos
realizar estudos maiores para descobrir quem se beneficia mais com o tDCS na
obesidade. Esta proposta inovadora de pesquisa clínica exploratória utiliza uma
intervenção biomédica que poderia transformar o paradigma para a perda de peso
e a manutenção da perda de peso, oferecendo uma nova forma de tratar a
obesidade", afirma. "Os resultados deste estudo levarão a estudos
maiores a longo prazo para avaliar essa intervenção de neuromodulação não
invasiva".
A nutricionista
explica que a primeira fase da pesquisa consiste em uma sessão inicial de
estimulação cerebral não invasiva. Já na segunda fase, as participantes
receberão um total de dez sessões de estimulação cerebral durante o período de
duas semanas. Na terceira, será iniciada uma dieta hipocalórica individualizada
associada a mais duas semanas de estimulação cerebral. Após esta intervenção,
as participantes serão seguidas por um período de seis meses de acompanhamento.
A pesquisa também
conta com a colaboração do professor Júlio Sérgio Marchini, da FMRP, da
pesquisadora Sai Krupa Das, da Tufts University, e dos pesquisadores Miguel
Alonso Alonso e Greta Magerowski, da Harvard Medical School, dos Estados
Unidos, e está prevista para ser concluída em agosto de 2018.
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