Um recente estudo publicado no jornal científico “Journals of Gerontology,
Series B: Psychological and Social Sciences”, sobre a relação entre o cérebro e
a atividade sexual, comprovou os benefícios da prática nos quesitos fluência
verbal e noção espacial.
Os
participantes da pesquisa – homens e mulheres entre 50 a 83 anos – informaram
sobre a frequência de suas atividades sexuais nos 12
meses anteriores (as opções eram “nunca”, “semanalmente” ou “mensalmente”) e
responderam outras perguntas sobre hábitos, estilo de vida e saúde.
Pessoas
com vida sexual mais ativa se saíram melhores especialmente no quesito fluência
verbal.
Posteriormente,
eles fizeram uma série de testes para avaliar memória, atenção, linguagem,
apreensão, fluência verbal e noção espacial. Todos os testes utilizaram medidas
padrão de habilidade cognitiva e velocidade de processamento. O exame para
noção espacial, por exemplo, exigiu que os participantes desenhassem um relógio
só de memória (o que é mais difícil do que parece), entre outras tarefas.
Quando
os resultados dos testes foram comparados com os resultados da atividade
sexual, não foi constatado que uma maior frequência da prática influenciava
diretamente na atenção, memória ou linguagem. Aqueles que reportaram não ter
uma vida sexual ativa foram tão bem quanto o outro grupo.
Mas
nas categorias noção espacial e fluência verbal, as diferenças apareceram.
Aqueles que reportaram uma vida sexual ativa semanalmente foram
significativamente melhores em ambos os testes, especialmente no segundo. Um
teste normal de fluência verbal pode incluir uma mistura de desafios orais,
como nomear a maior quantidade de animais possível e depois dizer a maior
quantidade de palavras que começam com a letra F. A rápida mudança de um
desafio verbal para outro mostra o quão flexível o cérebro pode ser para
alterar a trilha verbal e, ao mesmo tempo, envolver a memória. E para este tipo
de desafio, o estudo sugere que quanto mais frequente o sexo, maior o impulso
do cérebro.
O
quanto este resultado é efetivamente verdadeiro é uma outra história e as
portas estão abertas para especulação. Saúde e estilo de vida podem ter um
papel importante, mas existem outros motivos para pensar que o sexo faz bem
para o cérebro. A primeira explicação possível – e talvez a mais provável – é
que o sexo inunda as vias neurais com substâncias químicas que geram uma série
de efeitos. Uma delas, a dopamina, é o principal combustível do centro de
recompensa do cérebro, e exerce um papel maior no aprendizado, podendo também
ter algum efeito no impulsionamento de certas capacidades cognitivas. Uma maior
frequência de sexo aumenta a dopamina no cérebro por certos períodos e este
fato, por sua vez, incrementa estas capacidades. O porquê de algumas
habilidades serem reforçadas e outras não ainda é uma questão em aberto.
Outra
possibilidade, sugerida por uma pesquisa mais antiga em ratos, é que fazer sexo
com frequência ajuda o cérebro a desenvolver novos neurônios. Este processo,
conhecido como neurogênese, é vital para a plasticidade do cérebro – sua
habilidade de continuamente se adaptar e mudar. E esta plasticidade é conhecida
por ocorrer em certas áreas do cérebro adulto, não apenas nos mais jovens. O
estudo anterior sugere que a atividade sexual serve como um amortecedor para
proteger o crescimento dos neurônios contra os efeitos do estresse. Isso,
novamente, pode resultar na ligação entre sexo e a disponibilidade de potentes
substâncias neuroquímicas como a dopamina.
Estes
resultados não são conclusivos (o estudo é ainda muito pequeno), mas encontram
suporte em pesquisas prévias que mostraram conclusões semelhantes. Por isso, é
razoável concluir que existe algo que vale a pena ser considerado.
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