O governo decidiu
instalar, no litoral de Fortaleza, uma unidade de dessalinização da água do
mar, para complementar o atendimento à população.
A seca histórica que há
seis anos não dá trégua à Região Nordeste levou o governo do Ceará a adotar uma
medida extrema para garantir o abastecimento humano de água. O governo cearense
decidiu instalar, no litoral de Fortaleza, uma unidade de dessalinização da
água do mar, para complementar o atendimento à população. O plano é que, até
2020, parte dos habitantes da cidade passe a matar a sede bebendo água do mar.
Até maio, o Estado vai
receber dois estudos técnicos sobre o projeto, que tem orçamento estimado em
cerca de R$ 500 milhões. Uma empresa sul-coreana e outra espanhola foram
escolhidas no fim de 2017 para apresentar propostas de engenharia, com
indicação do melhor modelo tecnológico para retirar o sal da água e o melhor
local para sua instalação.
A meta do governo é de
que a água retirada do Oceano Atlântico atenda pelo menos 720 mil habitantes de
Fortaleza. A capital consome hoje cerca 8 m³ de água por segundo. A planta de
dessalinização tem projeção de entregar 1 m³ de água tratada por segundo, o
equivalente a 12% do consumo na cidade.
À reportagem, o
secretário de Recursos Hídricos do Ceará, Francisco Teixeira, disse que o
empreendimento vai a leilão no segundo semestre, com previsão de entrar em
operação em dois anos. "Vivemos em uma cidade do tamanho de Fortaleza, que
tem 9 milhões de habitantes, em um Estado do Semiárido, olhando para o mar.
A alternativa de futuro
que temos é complementar o abastecimento humano com a dessalinização da água do
mar. Não temos mais dúvidas disso", disse ele, ex-ministro da Integração
Nacional. O plano do governo é contratar uma empresa para construir e ficar
responsável pela operação. A contrapartida estadual será a de comprar toda água
tratada por essa empresa, que se ligará a um ponto de distribuição da Companhia
de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).
O governo vai
estabelecer uma tarifa máxima que pretende pagar para cada litro de água
dessalinizada. Vencerá a licitação a companhia que apresentar a menor tarifa,
que será paga pelo consumidor final. Experiências internacionais apontam que
cada metro cúbico de água dessalinizada teria um custo médio de U$ 1 (cerca de
R$ 3,31).
Hoje, o valor médio
praticado pela Cagece para tratar cada metro cúbico de água doce é de cerca de
R$ 3, segundo Francisco Teixeira. "Veja que, portanto, não devemos ter
aumento muito grande nos preços da água", declarou. "Plantas de
dessalinização de maior porte, como as de Israel, por exemplo, conseguem chegar
a US$ 0,60 para cada metro cúbico de água tratada", disse. Numa segunda
etapa, a ideia é fazer uma segunda unidade de tratamento, dobrando a capacidade
de dessalinização.
Escassez.
O objetivo é reduzir a
dependência de Fortaleza das águas do Açude do Castanhão, que fica a 280
quilômetros da capital. Principal caixa d'água que abastece a cidade, o
reservatório vive sua pior situação desde 2002, quando entrou em operação, com
apenas 3% do que teria capacidade de armazenar. Em 2017, o governo do Ceará
entrou em conflito com usinas térmicas de energia instaladas no Porto de Pecém,
que vinham utilizando muita água do Castanhão para resfriar suas turbinas. O
governo acusou ainda as empresas de terem abandonados planos de dessalinizar a
água do mar para usar em suas operações. Hoje, porém, a ideia é que essas
termoelétricas passem a utilizar águas de reuso em suas atividades. Para a
população, a fonte será o oceano.
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