Dois estudos publicados
nos últimos dias dão uma ideia de como experiências vividas muito cedo,
inclusive na barriga da mãe, podem moldar a saúde física e mental das pessoas.
Um deles mostra que a depressão materna pode interferir no desenvolvimento
cerebral do bebê, enquanto outro indica que a falta de moradia pré e pós-natal
também afeta a criança, fazendo com que ela tenha menor resistência para lidar
com doenças mais tarde.
O primeiro trabalho,
pequeno, tem como foco a depressão na gravidez. Apesar de comum, o problema tem
menos destaque do que a depressão pós-parto, apesar de também ter impacto na
criança que vai nascer.
Uma equipe da
Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, avaliaram 101 mulheres
no terceiro trimestre de gestação, sendo que cinco delas tinham depressão
moderada e 42, depressão leve. Um mês após o parto, os bebês das mães
participantes foram submetidos a exames de ressonância magnética cerebral, e
foram detectadas alterações na estrutura cerebral das crianças cujas mães
apresentavam sintomas depressivos moderados.
A área que apresentou
diferenças nos exames é conhecida como microestrutura da substância branca no
cérebro. Os autores explicam que essa região é responsável pela comunicação
entre neurônios de diferentes regiões do cérebro e está envolvida no controle
de emoções e movimentos corporais.
O estudo, publicado no Jama
Pediatrics, é pequeno e de curto prazo, mas chama atenção para a
importância de se tratar adequadamente sintomas depressivos nas gestantes.
Alguns medicamentos podem ser indicados, com cuidado, nessa época, mas o
principal aspecto do tratamento deve ser a terapia e o suporte adequado a essas
mães.
Outra pesquisa, esta de
uma equipe de pesquisadores do Children`s HealthWatch e do Centro Médico de
Boston, também nos EUA, acompanhou famílias sem-teto e descobriu que crianças
submetidas à falta de moradia por mais de seis meses apresentavam pior resposta
a doenças, quando comparadas com crianças que não vivenciaram a situação. A
associação foi identificada mesmo quando o problema tinha sido vivenciado pelas
mães durante a gestação.
As descobertas,
publicadas na revista Pediatrics, contaram com dados de 20 mil
cuidadores de baixa renda de crianças menores de 4 anos que visitaram clínicas
pediátricas entre 2009 e 2015.
Os resultados mostram
que não dá para fechar os olhos para os programas de prevenção. Intervenções
focadas em planejamento familiar, moradia a gestantes e crianças, bem como
assistência a saúde mental materna, podem ter um impacto não só para esses
indivíduos, no futuro, mas para toda a sociedade.


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