Quando um casal planeja
ter um bebê, às vezes só fazer sexo com mais frequência não é o suficiente, ou
a pressa de engravidar acaba dominando a situação. Para quem não pode pagar o
preço das sessões de inseminação artificial,
os métodos caseiros entram em cena --e as mulheres continuam encontrando novas
formas de fazer o procedimento.
Para além da inserção
do sêmen na vagina com o uso de uma seringa, outro item pode auxiliar uma
gravidez: o coletor menstrual, alternativa
aos absorventes tradicionais. Há quem tente usar o "copinho", como é
chamado popularmente, para depositar o esperma ou para "segurá-lo"
dentro do corpo por mais tempo. Mas será que funciona?
Mariana Rosário,
ginecologista, obstetra e mastologista de São Paulo (SP), diz que a ideia está
se popularizando. "Existe, hoje, uma vertente de pessoas na internet que
não são médicas, mas que estão orientando mulheres a fazer inseminação caseira
e estão indicando o método com o coletor menstrual", afirma.
Como poderia funcionar?
Debora Rodrigues Lopes,
embriologista e coordenadora do laboratório da Genics Reprodução Humana, em São
Paulo (SP), explica de que forma o coletor ajudaria a engravidar mais rápido.
"O que pode ser
feito é colocar o sêmen dentro do coletor e introduzi-lo na vagina. Como o
coletor evita que o sêmen entre em contato direto e imediato com o canal
vaginal e com o pH da vagina, que é ácido, os espermatozoides não morrem tão
rápido assim, o que pode possibilitar uma concepção", conta. O tempo médio
de sobrevivência de um espermatozoide no ambiente, sem interferências externas,
é de 72 horas.
A ejaculação também
poderia ser feita dentro da vagina e, depois, a mulher poderia introduzir o coletor
para "segurar" o sêmen, para que não escorra para fora. O recomendado
é que, assim como na menstruação, o copinho não fique dentro da mulher por mais
de 12 horas.
Mariana diz que o que é
mais difícil não é a inseminação, mas, sim, se a mulher sabe em que dia ela
está ovulando. "Hoje, temos testes de farmácia para saber a data da
ovulação". Os testes podem ser um aliado nessa hora.
Inseminação caseira X
artificial.
Débora explica o que
diferencia a forma caseira do procedimento feito em laboratório (além do
dinheiro envolvido em uma inseminação artificial):
"Na caseira não se faz o preparo do sêmen, o que acontece é que o procedimento
só facilita a passagem dos espermatozoides para o canal vaginal. A inseminação
em laboratório vai um pouco além: ela ultrapassa a 'barreira' do colo do útero
para depositar o conteúdo lá dentro".
Mariana conta que, além
do coletor, as mulheres também usam outros métodos caseiros: "Tem quem use
o próprio preservativo para guardar o sêmen e injetá-lo com seringa, e tem quem
use um copinho, geralmente de coleta de urina, para ejacular nele e usar a
seringa para depositar o conteúdo na vagina". Ela comenta que, assim como
qualquer situação que envolva os genitais femininos e masculinos, há risco de
infecções. As chances de engravidar com métodos caseiros são de 25%, assim como
em uma inseminação artificial, segundo a especialista.
Apesar de não ser tão
convencional, as especialistas concordam que não faz mal usar o coletor
menstrual para este fim.
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