Por ser diurética, há
quem sempre defenda que tomar cerveja ajuda a evitar a formação de cálculo
renal (a famosa pedra
no rim). Pois saiba que isso não é conversa de bar e
realmente tem comprovação científica.
Um estudo
publicado no Clinical Journal of American Society of Nephrology acompanhou
194 mil pessoas durante oito anos e descobriu que aqueles que consumiram uma
lata de cerveja por dia apresentaram risco 41% menor de ter pedra no rim. A
redução na chance de desenvolver o problema também foi observada em quem
consumiu moderadamente vinho (33%), café (26%), suco de laranja (12%) e chá
(11%). Já quem tomou refrigerantes mostrou um aumento de até 33% em ter
cálculos.
Apesar do benefício da
cerveja, os médicos não indicam ingerir a bebida para prevenir pedras
nos rins. Eles alertam que não
existe uma dose de álcool segura para a saúde. O excesso da
substância pode gerar câncer,
AVC,
depressão,
perda de memória, cirrose,
entre outros problemas, além de, inclusive, piorar o quadro de cálculo renal.
Por que cerveja não é
indicada para evitar pedra no rim?
Os especialistas listam
basicamente duas razões para não apostar na cerveja como uma "protetora
dos rins". A primeira é que a bebida, assim como os demais produtos
alcoólicos, inibe a produção de vasopressina, hormônio antidiurético que regula
o volume de urina. Quando o nível dessa substância cai, fazemos mais xixi
e, com isso, eliminamos mais água --e junto com ela sais minerais --, favorecendo
a desidratação e, consequentemente, a formação de pedras nos rins.
O segundo ponto é que a
"gelada" contém purina, elemento que, ao ser consumido em grandes
quantidades, aumenta as taxas de ácido úrico no sangue e também colabora para o
desenvolvimento do cálculo renal.
Como é formado o
cálculo renal?
Mais conhecido como
pedra no rim, o cálculo renal é formado pelo acúmulo de cristais de cálcio,
ácido úrico, oxalato (um sal) ou cistina (um aminoácido) dentro dos rins ou nos
canais urinários (ureteres, bexiga e uretra). Se há um desequilíbrio, ou
seja, maior quantidade desses elementos do que de líquidos (urina) no aparelho
urinário, a sua dissolução é dificultada.
Os cálculos pequenos e
localizados nos rins quase sempre são assintomáticos. A temida cólica,
normalmente acompanhada de enjoo e vômito, só ocorre se eles obstruírem o
ureter. A presença de sangue na urina é comum, e a complicação mais frequente é
a infecção urinária.
Quais as causas?
Dentre as principais
causas do problema, que atinge três vezes mais os homens do que as mulheres,
especialmente os com idade entre 20 e 30 anos, estão baixa ingestão de água,
consumo excessivo de sódio e proteína, predisposição genética e distúrbios
metabólicos.
Altas temperaturas
--pois favorecem a transpiração e a desidratação -- obesidade, sedentarismo
e problemas de saúde como hipertensão,
hiperparatireoidismo (produção exagerada do hormônio PTH, aumentando os níveis
de cálcio no sangue) e Doença
de Crohn são outros fatores que contribuem.
Como prevenir?
A prevenção do problema
está, sim, no copo, mas de água e não de cerveja.
O mais importante é manter uma ingestão adequada de líquidos (sem álcool e/ou
açúcar): a recomendação diária é de 30 ml por quilo de peso corporal. Por
exemplo: uma pessoa de 70 quilos precisa beber 2,1 litros de água por dia.
Também é fundamental praticar
exercícios regularmente, mudar os hábitos alimentares, evitando o
excesso de bebidas alcoólicas e refrigerantes, além de maneirar no consumo de
sódio --a
OMS recomenda o consumo de 2 g ao dia, mas algumas pesquisas apontam que é
seguro ingerir até 5 g -- e não exagerar na ingestão de
proteínas. A quantidade varia conforme o nível de atividade física de cada
pessoa, mas a recomendação geralmente é de 0,8 g a 2 g do nutriente por quilo
de peso corporal. Ou seja, uma pessoa com 70 kg deve comer até 140 g de
proteína por dia.
*** Fontes: Alex
Meller, urologista, médico-assistente da disciplina de urologia da Escola
Paulista de Medicina (EPM) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e
especialista em cálculo renal da Clínica Unix; e Marcelo Mazza, presidente
da SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia).
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