Todos os dias, as redes
sociais são inundadas por informações sobre alimentos milagrosos ou vilões da
vida saudável. Para os pacientes com câncer,
essas informações podem causar confusão e estimular práticas perigosas.
Em vista da divulgação
na internet de dietas restritivas sem respaldo científico, as seções de
Nutrição e Dietética das Unidades Assistenciais e a Coordenação de Prevenção e
Vigilância do INCA decidiram elaborar uma cartilha de orientação a pacientes e
divulgar o posicionamento oficial do Instituto sobre o tema.
Durante o fórum
"Dietas restritivas em oncologia: tem fake news na ciência", o
Instituto orientou profissionais e pacientes a não recomendarem nem seguirem as
dietas detox, alcalina, low carb e nem cetogênica, já que ainda não existem
evidências científicas de que possuam efeito benéfico durante o tratamento de
câncer. O evento ocorreu dia 17, no auditório principal do prédio-sede.
Segundo a nutricionista
do HC II Gabriela Villaça, que explicou o posicionamento do INCA, a dieta
cetogênica carece de estudos clínicos robustos que comprovem sua eficácia e
segurança durante o tratamento oncológico: "Ainda não é bem estabelecido
para quais tipos de tumor e em qual estágio da doença essa estratégia pode
funcionar, assim como o tempo máximo para manutenção dessa dieta e nem mesmo
se, de fato, existe ganho de sobrevida ou melhor resposta ao tratamento com
essa prática", ponderou.
A nutricionista revelou
que muitos pacientes que seguem as dietas recomendadas na internet chegam ao
INCA com perdas significativas de peso e massa muscular, o que gera menor
tolerância ao tratamento.
Amine Costa, chefe da
Seção de Nutrição e Dietética do HC II, frisou a dificuldade de combater as
informações falsas nas redes sociais quando elas vêm de profissionais de saúde,
e defendeu o envolvimento da equipe multidisciplinar para divulgar o
posicionamento do INCA: "Temos que ter o compromisso de disseminar as
informações verdadeiras".
O Instituto recomenda
que os pacientes oncológicos sigam uma dieta individualizada e com estratégias
de manejo de sintomas, sempre acompanhada por um especialista. Para prevenção
do câncer, é aconselhada uma alimentação saudável, com privilégio de alimentos
in natura e exclusão dos produtos ultraprocessados.
O evento contou também
com duas mesas-redondas. A primeira discutiu evidências científicas sobre dieta
cetogênica e câncer e teve apresentações das pesquisadoras do INCA, Liz
Almeida, chefe da Divisão de Pesquisa Populacional, Andréia Melo, chefe da
Divisão de Pesquisa Clínica, e Sheilla Coelho, pesquisadora no Programa de
Carcinogênese Molecular.
A segunda mesa tratou
da comunicação e disseminação de informações sobre o câncer. Esse momento teve
falas da coordenadora de Redes Sociais do Ministério da Saúde, Gabriela Rocha,
do presidente do Conselho Regional de Nutricionistas da 4ª Região (RJ/ES),
Leonardo Murad, e da paciente, nutricionista e voluntária da ong Oncoguia
Juliana Emerick.
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