Um estudo feito na França traz um dado assustador: quase um em cada dez
adolescentes já experimentou um “jogo de asfixia”, que consiste em provocar o
estrangulamento até desmaiar, a fim de obter uma sensação prazerosa. Além de
causar mortes acidentais, essa brincadeira macabra pode deixar sequelas graves
pela falta temporária de oxigênio no cérebro.
Desafios que envolvem asfixia têm circulado na internet atraído jovens do
mundo todo, para desespero dos pais. Em outubro do ano passado, levaram à morte
um menino de 13 anos de Santos, no litoral de São Paulo. Ele teria sido
intimado a “brincar de se enforcar” pelos colegas, na internet, depois de
perder deles num game online.
A pesquisa, publicada na segunda-feira (28) no periódico Pediatrics,
diz que o risco de se envolver em jogos de asfixia é o dobro entre jovens com
sintomas de depressão ou problemas de comportamento.
Propor ou aceitar desafios propostos pelos pares podem ser formas de se
destacar e obter reconhecimento no grupo. A prometida sensação de prazer e
perigo também desperta a curiosidade, e muitos adolescentes não conhecem os
riscos reais de se interromper o fluxo de oxigênio para o cérebro.
Mas os pesquisadores da Universidade de Bordeaux alertam que, em muitos
casos, o que os jovens querem é encobrir sentimentos de vazio, dor ou a
sensação de não se encaixar no mundo. É como se a prática fosse um ensaio para
uma tentativa de suicídio.
O trabalho contou com dados de 1.771 estudantes franceses de ensino
médio. Não foram encontradas diferenças entre os sexos, embora estudos
anteriores tenham mostrado que os jogos de asfixia são mais comuns entre
garotos.
Os autores também comentam que não foi possível avaliar se os sintomas
depressivos teriam levado os jovens a experimentar a brincadeira ou se foram
consequência dela. Mas outros trabalhos já associaram jogos de asfixia a uso de
álcool e drogas, o que reforça a primeira hipótese.
Seja qual for a razão, é importante que os adolescentes conheçam os
riscos dessa prática, não se deixem levar pela pressão de outras pessoas e
tenham acesso a serviços de saúde mental, caso estejam sofrendo.
O Instituto DimiCuida, criado pelo pai de uma vítima brasileira, traz
informações para os jovens e também dicas para familiares e educadores. O site
sugere atenção a sinais suspeitos, como marcas no pescoço, olhos vermelhos e
presença de faixas, coleiras, cachecóis ou cintos no quarto sem razão aparente.
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