Sem tempo, irmão
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Uso do Weletric pode causar mais dores de cabeça
do que benefícios
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Ao fazer isso, ele altera a corrente da rede
elétrica e tende a danificar aparelhos
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Melhor opção ainda continua sendo mudar seus
hábitos de consumo
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Que tal investir R$ 168 em uma aparelho que, quando conectado à tomada,
permite uma economia de até 30% no consumo de qualquer eletroeletrônico que
estiver plugado nele? Parece uma boa, certo?
Essa é a premissa do Weletric, um aparelhinho que você provavelmente já
viu em algum anúncio nas redes sociais.
Na vida real, o seu uso pode causar mais dores de cabeça do que
benefícios. Em sua descrição, há a informação de que o segredo do aparelho é
que ele "fornece apenas a energia necessária para que seu equipamento
funcione sem haver desperdício".
Já testamos o aparelho há algum tempo e descobrimos que na verdade, ele não fazia milagre nenhum, e sim entregava menor
potência à carga. Isso
significa que uma lâmpada de 100W conectada ao aparelho passaria a funcionar
com capacidade de 80W.
Isso, de fato, gera uma economia que você provavelmente perceberá quando
receber a sua conta de luz. Mas essa economia vem com um preço.
Equipamentos podem
pifar.
Em geral prestamos mais atenção à tensão da energia elétrica que chega
nas nossas casas —no Brasil, ela pode ser de 127 ou de 220 volts. Há, contudo,
uma outra característica, que é a frequência, uma vez que o sistema elétrico utiliza
a chamada corrente alternada. Esse tipo de corrente funciona em ciclos, que
podem ser representados de maneira gráfica por ondas senoidais.
A frequência, em questão, se refere justamente a essas ondas. O sistema
elétrico brasileiro usa a de 60 Hz, mas ao redor do mundo há países que usam 50
Hz. O que o Weletric faz é se valer de pequenas deformações dessas ondas para
limitar o consumo de energia.
O problema é que, ao fazer isso, ele contribui para a criação de
correntes harmônicas na rede elétrica. Essa é uma corrente com seu número de
frequência sendo múltiplo da frequência original da rede, mas com amplitude de
onda diferente.
Esse tipo de corrente, normalmente, é gerada por equipamentos que têm
carga não-linear, como computadores. Esses aparelhos geralmente apresentam uma
relação variável entre a potência e a corrente consumida, o que faz com que
eles criem deformidades no formato da onda elétrica.
O problema é que essas correntes harmônicas acabam se somando à corrente
original, causando perda de potência na rede e aumentos nos valores de tensão e
corrente, o que tende a encurtar a vida útil de aparelhos mais sensíveis a tais
variações.
"Pela característica do equipamento, ele deve trabalhar com ajustes
de fator de potência. Este procedimento, quando utilizado sem os devidos
cálculos, pode danificar os equipamentos eletroeletrônicos conectados a ele ou
até mesmo aumenta o custo da conta", explica o professor João Carlos Lopes
Fernandes, do curso de Engenharia de Computação do Instituto Mauá de Tecnologia.
Da mesma forma, ao entregar menor potência à carga, o Weletric também
pode fazer com que equipamentos mais exigentes, como geladeiras e
ar-condicionados, não funcionem corretamente ou, até mesmo, venham a queimar.
Mudança de hábitos.
Se a ideia é reduzir o valor da conta de energia elétrica, a melhor opção
ainda continua sendo mudar seus hábitos, e não buscar fórmulas
"mágicas".
"Diminuir o tempo do banho, não deixar luzes acesas sem necessidade,
usar lâmpadas de LED ao invés de incandescentes e otimizar o uso de
equipamentos como máquina de lavar e ferro de passar roupa são alguns exemplos
de coisas que podem ajudar na redução", diz Fernandes.
Outra opção também é diminuir a potência de alguns equipamentos, como as
lâmpadas. De qualquer forma, apostar na fórmula mais "tradicional" da
redução de consumo de energia elétrica tende a ajudar o seu bolso na hora de
pagar as contas e ainda evita possíveis danos aos aparelhos que você tem em
casa.
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