O potencial das
células-tronco - estruturas que podem dar origem a vários tipos de células —
está sendo analisado para o alívio da dor.
Cientistas da
Universidade de Sydney, na Austrália, pesquisam de que maneira células-tronco
pluripotentes induzidas (capazes de se transformar em maior variedade de células)
atuam no controle da dor neuropática, decorrente de lesões nas fibras nervosas
sensitivas do Sistema Nervoso Central e/ou periférico.
Feito em cobaias, o
trabalho apresenta bons resultados, o que encoraja os pesquisadores a seguirem
adiante. "As células-tronco promoveram o alívio duradouro da dor, sem
efeitos colaterais", afirma Leslie Caron, co-autora da pesquisa.
"Isto significa que o implante de células-tronco pode ser um tratamento
efetivo."
As células-tronco têm
sido alvo de centenas de pesquisas para doenças diversas. Por sua capacidade de
gerar novos tecidos, são como espécies de peças novas que podem substituir as
antigas ou as danificadas, promovendo a recuperação de áreas lesionadas. Há
trabalhos investigando seu poder na cardiologia, na neurologia e na ortopedia,
por exemplo.
Experiências em cobaias
e em humanos demonstraram progressos na reparação de cartilagens desgastadas
pela artrite, contribuindo para a redução da dor e aumento da mobilidade. No
caso da dor neuropática, a ideia é que as células-tronco ajudem a recompor a
região afetada seja por meio da criação de novas fibras nervosas ou até mesmo
melhorando a irrigação sanguínea, garantindo mais nutrientes e oxigênio às
células lá presentes.
Para serem usadas, as
células passam por um processo de especialização. Ou seja, são induzidas, em
laboratório, a se comportarem como as células do local que precisa ser
reparado. "Desta forma, podemos mirar somente nas partes onde a dor está
localizada", explica John Manion, chefe da pesquisa australiana.
Algumas questões devem
ser observadas ao longo do experimento. Uma delas é saber se as células
injetadas migrarão para o local correto. "Pode ser que elas realizem uma
função diferente da desejada", ressalva Marcelo Vaz Perez, presidente da Comissão
de Treinamento e Terapêutica de Dor da Sociedade Brasileira de Anestesiologia.
Os testes em humanos
devem demorar - a previsão é que comecem dentro de cinco anos - mas, se
apresentarem resultados positivos, poderão mudar a forma de tratamento usada
hoje. "Observaremos uma mudança de paradigma, com a criação de terapias
que substituam o uso de opióides, substâncias eficazes, mas que podem levar à
dependência", diz Manion.
Nenhum comentário:
Postar um comentário