quarta-feira, 17 de março de 2010

CÉSAR BORGES: O NOIVO COBIÇADO...

FONTE: Adriano Villela (TRIBUNA DA BAHIA).

Logo após a morte do ex-senador Antonio Carlos Magalhães, em julho de 2007, lideranças políticas de todas as correntes começaram a afirmar que a política baiana viveria um novo momento, com o fim da dicotomia carlismo-anticarlismo. Todos conversariam com todos. Hoje, ninguém encarna melhor essa previsão do que o senador e candidato à reeleição César Borges (PR), espécie de noiva cobiçada entre os principais concorrentes à reeleição: o atual governador, Jaques Wagner (PT), Paulo Souto (DEM) e o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).
O republicano não só se abre ao diálogo com as três grandes coligações em formação, como é ouvido e desejado por todos. Nos bastidores, as movimentações aproximam Borges da chapa situacionista, mas soutistas e peemedebistas acompanham o debate com disposição de trazer para sua campanha o reforço do senador, cotado em pesquisas de consumo interno como o mais bem colocado para o Senado.
A definição do republicano não tem data para ser anunciada, mas ele próprio – que preside o diretório baiano do PR – estima que até 31 de março deverá sair uma definição – prazo semelhante ao de Wagner e Geddel. “Preciso conversar com a direção nacional e os deputados federais e estaduais. Não estou sozinho”, lembra o dirigente.
Segundo o parlamentar, que é alvo de tanta cobiça, a disputa pelo seu nome é fruto de um diálogo natural com todas as correntes. Não só na Bahia. A assessoria de Borges frisa que ele conquistou elogios da ministra da Casa Civil e pré-candidata a presidente Dilma Rousseff (PT), “pelo esforço de trazer benefícios para os baianos”, e do tucano José Serra, governador de São Paulo e principal concorrente ao Palácio do Planalto pela oposição, por ter implantado a montadora Ford na Bahia – inaugurada em 2001, em sua gestão à frente do governo estadual.
Natural de Jequié, César é filho de outro político tradicional do município do sudoeste, o ex-prefeito e ex-deputado estadual por dois mandatos Waldomiro Borges. É uma bagagem na formação política que conta num momento decisivo para seu futuro, visto que, conforme lembra o articulista Tasso Franco em texto publicando ontem, nesta TB, desde a redemocratização, o governador eleito na Bahia sempre faz as vagas do Senado em disputa.
Outro fator a influir na boa articulação política, aponta o parlamentar republicano, foi o tempo como governador, quando convivia com constância com lideranças baianas. “Muitas delas ainda estão no poder ou ainda são lideranças”, ressalta.
CAMINHOS DIFERENTES.
O senador César Borges conquistou pelo extinto PFL, hoje DEM, todos os seus mandatos – deputado estadual por dois mandatos, vice-governador, governador e senador. Em 2007, quando se transferiu para o PR, migrou para a base do presidente Lula.
Não apoiou o governo do estado – a bancada na Assembléia foi liberada para se posicionar, ficando uma parte na maioria e outra na oposição - mas o dirigente republicano passou a dialogar com Jaques Wagner. A aproximação com o ministro Geddel, conta o senador, se deu no segundo turno das eleições municipais de 2008, quando apoiou o peemedebista João Henrique, na ocasião reeleito prefeito de Salvador.
Segundo Borges, a sua relação com os três postulantes ao governo do estado é viável porque não há nenhuma diferença profunda. “São caminhos diferentes em prol dos baianos”, reforça. A seu ver, nem o período em que atuou em campo oposto ao do PT e nem resquícios de problemas no DEM vão atrapalhar o diálogo.
Em 1998, César Borges disputou com Paulo Souto a indicação para concorrer ao governo do estado, em função da morte do então deputado federal Luis Eduardo Magalhães. Saiu-se vencedor internamente e nas urnas. Quando deixou o DEM, novamente Borges se distanciou de Souto, à época já presidente estadual do partido.
“Eu saí porque estava me sentindo desconfortável, não resta dúvida”, afirma Borges. A motivação, porém, não anula uma reaproximação com o ex-governador. “Eu queria ter o controle sobre o meu destino e a direção nacional do PR me ofereceu isso”. O senador é ‘noiva cobiçada’, só espera que, qualquer que seja a sua decisão, estabeleça um “debate de alto nível”.
ENTRADA NO PR FORTALECE TRAJETÓRIA POLÍTICA.
César Augusto Rabello Borges experimentou significativas conquistas e perdas em sua vida pública. Foi o governador que criou a Secretaria de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais (Secomp), hoje Sedes. Em 2004, porém, já no cargo de senador, perdeu as eleições para prefeito da capital, no embate com João Henrique, à época no PDT. Dois anos depois,embora não concorresse, integrou o grupo político que perdeu governo e Senado para Jaques Wagner e João Durval (PDT).
A partir de então, suas possibilidades de reeleição passaram a ser tratadas com desdém nos bastidores. A retomada tem muito a ver com o ingresso no PR, onde já chegou presidente estadual. Sua filiação foi abonada pelo presidente nacional da legenda, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento.
“Sem sombra de dúvida, ter ido para a base do presidente Lula foi importante”, reconhece. A partir de então, César Borges participou da intermediação de obras nas áreas de transporte e passou a dialogar com o governador da Bahia. O senador mais disputado destas eleições atribui parte de sua força eleitoral aos projetos que apresenta. Segundo dados de sua assessoria, Borges já teve cinco propostas transformadas em lei, sempre com foco em questões sociais. “Tenho defendido de forma intensa os interesses da Bahia. São questões importantes, que somam”, disse.
César Borges foi premiado com o Mérito Legislador 2009 pela Lei 11.441/2007 que cria o divórcio e a partilha em cartório. Também apresentou uma emenda na MP 450/2008 para renovação dos contratos de fornecimento da Chesf com sete das maiores empresas do estado.
O político do PR foi homenageado pela Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia) pela negociação que garantiu a continuação das indústrias na Bahia. Desde 2007, apresenta-se também como um defensor da lavoura cacaueira e de segmentos como idosos e desempregados. O parlamentar acredita que estas ações chegam à população do estado através de canais como a TV Senado e a mídia. “Tenho o que apresentar”, resume.

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