sábado, 6 de março de 2010

UM GRANDE GUERREIRO...

FONTE: Walter Pinheiro - Diretor - presidente da Tribuna (TRIBUNA DA BAHIA).
A Bahia perdeu um grande jornalista, a Tribuna perdeu um gênio e eu perdi um grande amigo. Esta, a primeira reflexão que faço após o falecimento de Janio Lopo, na data de ontem. Uma perda irreparável, já que é praticamente impossível reunir numa só pessoa tanto talento, lealdade e desprendimento, como me acostumei a ver em Janio, nos anos em que juntos trabalhamos.
Seja como repórter, editor ou colunista, consagrou-se no jornalismo, noticiando, interpretando ou denunciando fatos do cotidiano, no saudável desejo de contribuir para sanear o ambiente político em que vivemos e fortalecer uma cidadania mais benfazeja.
Fez da sua pena uma arma temida por muitos e admirada por outros tantos, visto a capacidade de síntese e a facilidade com que submetia à apreciação dos leitores suas análises a cerca das permanentes mutações que marcam a política. “Ela é como nuvens”, dizia o saudoso Ulysses Guimarães, e justamente por isso Janio mantinha-se atento, tentando decifrar na resposta não dada, nos vazios das entrelinhas, a verdade que procurava.
Com uma verve admirável, às vezes escondia sob o vasto bigode um sorriso matreiro de quem nem sempre podia escrever tudo o que sabia, em respeito ao “off”, em respeito à ética. Para desabafar, contudo, criou a célebre figura do seu “inefável sobrinho”, personagem nunca identificado, mas aglutinador dos piores defeitos da espécie humana. De forma velada, transmitia mensagens, deixando as interpretações para o leitor.
Sempre fiel à linha editorial do jornal, nunca se quedou diante das ameaças, ações e perseguições com que os poderosos de plantão, dilapidadores dos recursos públicos, reagiam às suas denúncias. Independência e espírito crítico nunca lhe faltaram para exercer a delicada missão de expor o comportamento deletério dos que não costumam respeitar o direito alheio.
Foi-se , assim, um grande guerreiro, que procurou viver a vida com intensidade, desprendido dos valores materiais, porque amante das palavras, das emoções e das ideias. E isso o tornou gênio, a ponto de esquecer-se de si próprio e querer ultrapassar os frágeis limites que a vida nos impõe. Fica uma rica memória, que há muitos haverá de ajudar no exercício do jornalismo.
Adeus, Companheiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário