FONTE: iG Minas Gerais, TRIBUNA DA BAHIA.
Depois de ganhar a fama como a “droga da
obediência” por ser muito receitada para crianças com sintomas de Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), o metilfenidato – mais conhecido
pelo nome comercial Ritalina –, vem agora sendo usado de forma indiscriminada
e, na maioria das vezes, sem orientação médica por estudantes e concurseiros.
Pelas redes sociais não é difícil encontrar alunos
relatando o uso da “pílula da inteligência” ou a “droga dos concurseiros” para
“turbinar” os estudos. Um exemplo é a estudante de obstetrícia Pollyana Garcia,
18, que usou o remédio “para se concentrar melhor”.
“Eu usei uma vez porque estava muito nervosa com a prova e passei quase a noite
inteira estudando. Minha mãe falou para eu tomar, mas que seria a única vez
porque ela também tinha medo de causar dependência. Eu consegui fazer a prova
sem ficar muito nervosa”.
A estudante de farmácia, Daniele
Santos, 25, também conta que usou a Ritalina por dois anos sem indicação
médica. “O meu objetivo era ter mais concentração, mas sentia muitos efeitos
colaterais, como irritabilidade, corpo cansado e insônia”, comenta.
Consumo. De 2010 para 2013, o
número de caixas de Ritalina vendidas no Brasil passou de 2,1 milhões para 2,6
milhões, de acordo com os dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
Para tentar entender o uso do
medicamento, Denise entrevistou 11 homens e cinco mulheres, entre 23 e 48 anos,
e percebeu que a maioria dos entrevistados que usavam a droga tiveram a
indicação primeiramente de um amigo. Por isso, ela acredita ser difícil avaliar
até onde os resultados significavam um efeito do próprio remédio ou como se
fosse um placebo, uma vez que os usuários já sabiam do funcionamento da
Ritalina.
Além disso, as entrevistas
demonstraram que, quando a medicação foi receitada por médicos, as indicações
eram para cansaço, falta de concentração e distração nos estudos. “Hoje em dia,
as pessoa são muito mais requisitadas para ter uma maior disciplina da atenção
e isso torna qualquer falha mais prejudicial, fazendo com que elas se pareçam
mais desatentas. O papel do médico e dos remédios na vida das pessoas mudou”,
afirma.
Para Denise, como o medicamento
favorecia que os usuários se concentrassem em atividades chatas, eles acabavam
não avaliando se era isso mesmo o que eles queriam da própria vida ou não. “O
remédio aumentava o ritmo sem que eles fizessem uma avaliação”, afirma.
Sem efeito. Segundo Denise Barros,
alguns alunos mostraram melhora na concentração e no rendimento nas primeiras
quatro semanas, mas o efeito não continuou depois.
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