sexta-feira, 29 de agosto de 2014

FUMAR NA GRAVIDEZ ELEVA CHANCE DE FILHO TER ASMA ATÉ OS 16 ANOS, DIZ ESTUDO...

FONTE: Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).

Os filhos de mães que fumaram durante e após a gravidez podem desenvolver doenças respiratórias até a adolescência, e não somente nos primeiros anos de vida. Essa é a conclusão de um estudo sueco que encontrou evidências de que o fumo passivo pode aumentar casos de asma e rinite entre adolescentes, com consequências para a vida inteira. A tese é reforçada por médicos brasileiros entrevistados pelo UOL.

A pesquisa realizada durante 16 anos pelo Instituto Karolinska, em Estocolmo, com 4.000 crianças nascidas entre 1994 e 1996, foi publicada recentemente na revista "Pediatrics", da Academia Americana de Pediatria.

Segundo a pesquisa, fetos gerados por fumantes correram risco 45% maior de contrair asma até os 16 anos, do que entre bebês de grávidas que não fumavam.

Entre as crianças que tinham pai ou mãe fumantes, os riscos de desenvolvimento de rinite alérgica e asma na infância ou na adolescência foram 18% e 23% maiores, respectivamente, do que os de outras crianças. O risco de sofrerem de eczema (inflamação na pele) foi considerado 26% maior entre as crianças com pais fumantes.

"O aumento do risco de asma e de rinite foi constatado principalmente na primeira infância, enquanto o de eczema surgiu mais próximo da adolescência", disse Jesse Thacher, autor do estudo e estudante de doutorado do Instituto Karolinska.

Pulmão do bebê.

No grupo estudado, 13% das mães fumaram durante a gravidez e o hábito continuou durante a infância de mais de 20% das crianças pesquisadas.

"Vimos que a exposição ao fumo passivo durante a gravidez ou na infância aumenta o risco de uma criança desenvolver doenças alérgicas, mesmo na adolescência", disse Thacher.
O contato com as substâncias nocivas do cigarro pode danificar os pulmões do feto, o que acarreta doenças respiratórias no bebê com consequências futuras, afirma o pneumologista Oliver Nascimento, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT).

"As substâncias inflamatórias contidas no cigarro vão direto para o feto. Isso gera uma alteração no desenvolvimento da criança. Como os pulmões se desenvolvem até os oitos anos, se houver problemas na adolescência pode ser consequência da alteração de seu desenvolvimento pulmonar na infância", disse.
Como a doença mais comum nesses casos é a asma, caracterizada pela inflamação dos pulmões e dos brônquios, e o eczema é um processo inflamatório na pele, a criança que tem asma tem mais chance de sofrer problemas inflamatórios na pele e vice-versa, segundo o pneumologista.

Além da possibilidade de adquirir alergias, o estudo alerta para o risco ampliado de câncer entre as crianças e jovens que são fumantes passivos. Ao conviver em um ambiente no qual há pessoas que fumam, eles entram em contato com 4.000 substâncias químicas pela fumaça do cigarro, parte delas consideradas cancerígenas.

Má formação e câncer.

O contato com essas substâncias ainda na gravidez aumenta a chance de má formação do feto, que, por sua vez, acarreta doenças neurológicas e respiratórias, explica Fabiane Sabbag Corrêa, ginecologista obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz.

Isso acontece porque o fumo atrapalha o fluxo de sangue para a placenta, responsável por trazer oxigênio e nutrientes fundamentais para a formação do feto. Com isso, o feto deixa de ganhar peso e pode nascer antes do tempo, já que a irrigação de sangue fica comprometida, a placenta 'envelhece' e indica que já está na hora do feto nascer, mesmo que ainda não esteja bem formado, segundo a ginecologista.

"O cigarro pode causar eclampsia, má formação do embrião, diminuição do líquido amniótico, problemas neurológicos e respiratórios como se o bebê tivesse fumando. Por isso é considerado um pré-natal de alto risco", afirma a médica.

Como a gestante não pode se submeter a tratamentos para parar de fumar, o indicado é abandonar o vício por conta própria pelo bem da saúde do feto. Para as mulheres que enfrentam dificuldade, a ginecologista aconselha a retirada aos poucos e indica atividades físicas para evitar picos de ansiedade.

"As medicações usadas para parar de fumar não podem ser usadas na gravidez. Para a paciente não sentir os efeitos da abstinência da nicotina, tem que ir diminuindo o número de cigarros por dia. A natureza ajuda porque quando ela começa a enjoar, enjoa do cigarro", diz Fabiane Corrêa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário