Entrevistado, através da televisão, você, meu amigo,
jornalista distinto, afirmou que os escritores desencarnados estão
transformando o Brasil numa grande necrópole. E acrescentou irônico: porque não
se consagram os Espíritos a outras atividades artísticas? Por que razão não vem
Da Vinci pintar alguma tela que lhe marque a glória inconfundível, como prova
da sobrevivência? Por que não se faz ouvido o gênio musical de Chopin nas
sessões espíritas, atestando a continuidade da vida, além-túmulo? Entretanto,
somente nós, pobres escrivinhadores da vida carnal, em sua opinião, tornamos à
arena física, padecendo pruridos de publicidade, famintos de evidência...
E você, transbordando sarcasmo, termina a
conversação sugerindo que o acervo de nossos avisos não passa de mistificações,
em que os médiuns, à feição de cadernos pelotiqueiros, se fazem credores das
atenções da própria justiça.
Suas perguntas e considerações, transmitidas a
milhares de telespectadores, ficam no ar, e nós não guardamos a pretensão de a
elas responder. Se estivéssemos ai, envergando ao seu lado o macacão de carne,
talvez lhe adotássemos o ponto de vista sem qualquer discrepância. Por isso mesmo,
acatando-lhe a visão provisória, desejamos apenas dizer-lhe que não faltam
artistas aqui, dispostos a enfrentar, com mais amplitude e profundeza, a pauta
e o pincel, no sentido de colaborarem na sublimação da arte terrestre; no
entanto, escasseiam no mundo companheiros que lhes abracem o ideal de beleza e
renúncia, aceitando a necessária disciplina para a consecução das obras que
pretenderiam concretizar, embora já existam, no Brasil e no seio de outros
povos, médiuns do som e da cor, edificando notáveis realizações que você
desconhece.
Movimente-se, afaste-se um tanto da sua galeria
de censor e procure-os. Encontrá-los-á, fazendo o melhor que podem, sob a
orientação de grandes inteligências desencarnadas que, naturalmente, apenas
lhes confiam aquilo que são capazes de receber.
Quanto a, nós outros, os que ainda escrevemos
para resgatar os nossos pecados, perdoe-nos as páginas, agora despidas de
qualquer presunção acadêmica.
Creia que, atualmente, não fazemos simples
literatura.
Mereceríamos o inferno se ainda aqui
estivéssemos na condição de beletristas interessados na fama que os vermes
aniquilaram.
Achamo-nos em abençoada construção do espírito,
utilizando os talentos da palavra, como o artífice que se vale dos méritos do
tijolo para erguer o edifício humano. Intentamos, com isso, não apenas
retificar nossas faltas, mas igualmente contribuir na edificação da justiça e
do amor, da solidariedade e do bem, da responsabilidade e do entendimento entre
as criaturas, para que a Terra de amanhã seja menos conturbada que a Terra de
hoje. Buscamos simplesmente informar a vocês que a morte não existe e que o
túmulo é uma espécie de cabina fotográfica, revelando o verdadeiro retrato de
nossa consciência, afim de que se habilitem, nos padrões de Jesus, a suportar
as requisições do tempo...
Para a execução desse tentame, não dispomos de
outro recurso senão escrever. E olhe que escrever não é tão indigno assim.
Você, com o seu respeitável título de
católico-romano, não poderá, esquecer-se de que a primeira dádiva direta do Céu
aos homens, segundo a Bíblia, foi o Livro dos Dez Mandamentos, de que Moisés se
fez o guarda irredutível. E se um vaso Sagrado da Terra guarda a luz do Cristo
para as nações, é forçoso convir que esse vaso é ainda o livro, arquivando-lhe
a palavra de amor e luz.
Desse modo, com todo o nosso respeito aos
pintores e musicistas, desencarnados ou não, rogo-lhe não considere com tanto
desdém os seus irmãos de letras.
Esteje certo de que, em futuro talvez próximo,
você estará pessoalmente em nossa companhia e sentirá uma vontade louca de
apagar os seus erros escritos.
E que você encontre uma criatura consciente e
caridosa que o ajude mediúnicamente, na piedosa empresa, são nossos votos
sinceros, porque, sem dúvida alguma, ao nosso porto de surpresa e refazimento o
barco de sua vida, hoje ou amanhã, chegara também.
Olá Alma Irmã, nossas Fraternais Saudações!
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Desejamos a você e aos seus amores uma ótima semana com muita paz e
saúde!
Abraços fraternais.
Centro Espírita Caminhos de Luz – Pedreira – SP – Brasil.
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Pelo Espírito Irmão X - Do livro: Cartas e Crônicas, Médium: Francisco Cândido Xavier.
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