FONTE: Tamirys Machado, TRIBUNA DA BAHIA.
Agressões físicas e verbais, ameaças e
desrespeito fazem parte do cenário escolar do país. Casos de professores que
sofreram algum tipo de agressão na escola tem se tornado rotina, em boa parte,
nas instituições públicas.
Conforme a Pesquisa mundial feita
pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o Brasil está no topo
do ranking de agressões sofridas por professores.
Das 34 nações pesquisadas, o país
é o primeiro na lista de agressões aos educadores. Cerca de 12,5% dos
entrevistados afirmaram sofrer agressões verbais ou intimidação de aluno, ao
menos uma vez por semana.
Na Bahia, a Secretaria de Educação do Estado
não tem um levantamento sobre casos de agressões, sejam físicas ou verbais, mas
é comum ouvir relatos de casos desse tipo, sobretudo na rede pública da capital
e interior do estado.
De acordo com a pesquisa, foram ouvidos 100
mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e
do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos). Em segundo lugar apareceu a Estônia,
com 11%, e a Austrália com 9,7%, já a Coreia do Sul, Malásia e Romênia, o
índice é zero.
O professor Edson Lima, do Colégio Noêmia
Rêgo, situado em Valéria, foi agredido e ameaçado por um estudante dentro da
sala de aula.
Ele enviou uma carta a APLB
Sindical (Sindicato dos Professores do Estado da Bahia) relatando o fato. “Fui
agredido na sala de aula do 3º ano A do turno noturno, do Colégio Noêmia Rêgo,
em Valéria, por volta das 21h do dia 02/06/14 pelo aluno” LH “ (19
anos) enquanto fazia uma atividade de 2ª chamada. Veio pra cima de
mim, colocando o dedo em meu rosto, enquanto o seu colega “M” filmava, com a
finalidade de enviar o vídeo naquele momento para as redes sociais, me insultando e
empurrando, querendo que eu revidasse, no entanto, não reagi, levando-o a
um estado de fúria”, relata.
O caso foi parar na diretoria da escola e o
professor pediu apoio jurídico à APLB Sindical.
Para o educador Lima, um dos
fatores que aumentam a cada dia a violência contra o professor é a crise dos
valores éticos, enfrentada pelas famílias; a ruptura
da cultura da solidariedade e, principalmente a desvalorização do
profissional da educação.
“É comum perceber essa desvalorização
quando perguntamos ao estudante do Ensino Fundamental ou Ensino
Médio - Quem gostaria de ser professor ? Em coro, eles respondem:
Deus é mais! Deus me livre! Dessa forma, deixamos de ser referência
profissional e, ao mesmo tempo, merecedores de respeito enquanto
educadores, formadores de opinião. Por outro lado, não vejo por parte dos
governantes políticas que valorizem a nossa prática pedagógica
responsável pela formação do aluno para o exercício da cidadania”, ressaltou.
Para a diretora da APLB Marilene Betros a
violência deve ser compreendida no contexto geral e não só dentro da escola.
“Os alunos questionam o formato das aulas. Há um apelo midiático à violência,
um incentivo ao consumo. Além da criminalidade e uso das drogas que cada dia
cresce mais, então todos esses fatores elevam o crescimento da violência dentro
e fora da escola”, ressaltou a pedagoga.
Outro fator colocado por Marilene Betros é a
desvalorização da categoria. “A falta de respeito ao professor faz parte do
processo de degradação da categoria. Somos desvalorizadas, sobretudo às
mulheres, que são maioria na profissão. Na última década conseguimos melhorar o
processo de dignidade e valorização do professor”, disse.
A diretora da APLB afirmou que já chegou ao
conhecimento do sindicato casos de agressões aos professores. “Os casos que
apareceram nós levamos à Secretária de Educação do Estado e acompanhamos às
medidas jurídicas que foram tomadas”, concluiu.
A Secretaria de Educação do Município informou
que os alunos da rede municipal geralmente não são inclusos nesses casos por
conta da idade, já que são de 5 a 14 anos. Já o Sindicato das Escolas
Particulares (Sinep), afirmou que não chegou ao conhecimento do sindicato
nenhum caso de violência na escola.
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