É possível pegar duas
cepas diferentes da gripe na mesma estação?
Sim. A primeira
palavra que os especialistas usam para descrever o vírus da gripe é
"imprevisível".
Em uma época de gripe
normal, ao menos três variantes do vírus circulam ao mesmo tempo. O vírus da
gripe muda todos os anos, à medida que passa pelos hospedeiros humanos. Ao
longo das décadas, chegam até mesmo a se misturar com alguns genes da gripe
suína ou aviária.
As últimas temporadas
de gripe incluíram duas cepas da influenza A e uma da B. A cepa da influenza A
conhecida como H1N1 é descendente da gripe espanhola de 1918 e uma variante
mais recente da gripe suína de 2009. A cepa conhecida como H3N2 descende da
gripe de Hong Kong, de 1968. Qualquer uma das três pode deixá-lo doente, e são
tão diferentes do ponto de vista genético que se proteger contra uma delas não
garante a proteção contra as outras.
Dentro das próprias
cepas, as diferenças podem ser tão grandes que, em teoria, é possível pegar a
mesma gripe duas vezes na estação. O componente que combate o H3N2 na vacina
antigripal deste ano foi feito a partir de uma amostra coletada no Texas em
2012. Mas essa amostra não é muito boa, já que uma nova variante do H3N2 que
foi identificada pela primeira vez na Suíça em 2013 se tornou mais comum desde
então.
Em geral, as cepas do
H3N2 costumam ser mais mortais que a do H1N1, e ambas são mais perigosas que as
cepas da influenza B. Contudo, mais importante que o tipo do vírus é a saúde do
portador. Idosos, crianças pequenas, mulheres grávidas, diabéticos e pessoas
cujo sistema imunológico foi afetado pelo HIV, por tratamentos contra o câncer
ou medicamentos para transplantados geralmente são mais vulneráveis.
É possível até ser
infectado por duas cepas simultaneamente, embora seja impossível saber disso a
menos que sejam realizados testes laboratoriais muito específicos.
Os virologistas
consideram que essa situação é especialmente perigosa, porque aumenta as
chances do surgimento de uma nova cepa do vírus da gripe. Quando dois vírus
invadem a mesma célula, os oito genes de cada uma delas se partem e podem se
rearranjar formando uma nova mistura – uma situação especialmente possível em
chiqueiros de porcos, onde a gripe se espalha mais rápido do que em uma
escolinha primária. A gripe suína de 2009 era uma mistura de genes da gripe
humana, da gripe aviária e de genes vindos de duas populações de suínos – a
americana e a eurasiática. (Como é ilegal importar porcos vivos para a América
do Norte e do Sul, as populações de porcos dos dois hemisférios geralmente não
se misturam, o que significa que as duas gripes evoluíram separadamente,
tornando-se geneticamente distintas uma da outra.)
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