FONTE: *** Alexandre Faisal (dralexandrefaisal.blogosfera.uol.com.br).
A tríade da
mulher atleta caracteriza-se pela relação entre menor disponibilidade de
energia, disfunção menstrual e prejuízo da massa óssea. Um estudo americano
avalia o risco de fraturas nas mulheres atletas portadoras de disfunções
menstruais
Muitas atletas correm o risco de desenvolver a tríade da mulher
atleta, caracterizada pela relação entre diminuição da disponibilidade de
energia, disfunção menstrual e má saúde óssea. A menor disponibilidade de
energia, em função do intenso gasto calórico com a atividade física intensa tem
efeito negativo sobre a função reprodutiva e metabolismo dos ossos. Além disto,
os baixos níveis de esteróides sexuais associados ao exercício são prejudiciais
para os ossos. Baseados nestas premissas, um grupo de pesquisadores de Harvard,
em Boston, Estados Unidos, procurou comparar a prevalência de fraturas em 100
atletas oligo-amenorréicas (mulheres que não menstruam ou menstruam muito
pouco), com 35 atletas eumenorreicas (com ciclos normais) e 45 mulheres
não-atletas, bem como avaliar as relações das fraturas com determinados
aspectos dos ossos, tais como a densidade óssea, estrutura e resistência. Elas
tinham entre 14 e 25 anos de idade.
Vamos aos resultados mais importantes. Atletas sem menstruação
apresentaram menores escores na avaliação da densidade de massa óssea em
diversos locais, tais como quadril, fêmur e coluna quando comparadas as atletas
que menstruavam regularmente. O risco de fratura estimado, ao longo da vida,
foi de 47%, 25% e 12.5% para os grupos atletas se oligomenorreicas, atletas
eumenorreicas e não atletas. Mas isso decorreu principalmente pelas chamadas
fraturas de estresse, sendo que isso variou de 32% nas mulheres com
irregularidades menstruais a 6% nas atletas com ciclos normais. Outra conclusão
é que a atividade atlética como levantamento de peso aumenta a densidade
mineral óssea, mas podem aumentar o risco de fratura por estresse em pacientes com
disfunção menstrual. Finalmente diferenças na microarquitetura óssea e
resistência óssea são mais pronunciadas naquelas atletas com amenorréia que
sofreram múltiplas fraturas por estresse.
Para os autores, a amenorréia, mais ou menos duradoura, pode ter
impacto negativo sobre o osso ou, alternativamente, podem existir diferente
graus de susceptibilidade entre as mulheres amenorreicas, que contribuiriam
para piora da qualidade e quantidade de massa óssea, levando a lesões ósseas. A
recomendação do estudo é atenção especial com estas jovens, muito atléticas e
que não menstruam. Elas podem parecer duronas, mas literalmente podem vir a
quebrar.
(Ackerman et al. Fractures in Relation to Menstrual Status and
Bone Parameters in Young Athletes. Medicine & Science in Sports &
Exercise, 10/2014).
Sobre o autor.
Alexandre Faisal é
ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do
Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo
Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia
Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos
entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP
(FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas
no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas
e eventos
Sobre o blog.
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