sábado, 21 de fevereiro de 2015

RISCO DE FRATURA, AO LONGO DA VIDA, EM ATLETAS QUE NÃO MENSTRUAM É DE 47%...

FONTE: *** Alexandre Faisal (dralexandrefaisal.blogosfera.uol.com.br).

      
A tríade da mulher atleta caracteriza-se pela relação entre menor disponibilidade de energia, disfunção menstrual e prejuízo da massa óssea. Um estudo americano avalia o risco de fraturas nas mulheres atletas portadoras de disfunções menstruais 

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         Muitas atletas correm o risco de desenvolver a tríade da mulher atleta, caracterizada pela relação entre diminuição da disponibilidade de energia, disfunção menstrual e má saúde óssea. A menor disponibilidade de energia, em função do intenso gasto calórico com a atividade física intensa tem efeito negativo sobre a função reprodutiva e metabolismo dos ossos. Além disto, os baixos níveis de esteróides sexuais associados ao exercício são prejudiciais para os ossos. Baseados nestas premissas, um grupo de pesquisadores de Harvard, em Boston, Estados Unidos, procurou comparar a prevalência de fraturas em 100 atletas oligo-amenorréicas (mulheres que não menstruam ou menstruam muito pouco), com 35 atletas eumenorreicas (com ciclos normais) e 45 mulheres não-atletas, bem como avaliar as relações das fraturas com determinados aspectos dos ossos, tais como a densidade óssea, estrutura e resistência. Elas tinham entre 14 e 25 anos de idade.

         Vamos aos resultados mais importantes. Atletas sem menstruação apresentaram menores escores na avaliação da densidade de massa óssea em diversos locais, tais como quadril, fêmur e coluna quando comparadas as atletas que menstruavam regularmente. O risco de fratura estimado, ao longo da vida, foi de 47%, 25% e 12.5% para os grupos atletas se oligomenorreicas, atletas eumenorreicas e não atletas. Mas isso decorreu principalmente pelas chamadas fraturas de estresse, sendo que isso variou de 32% nas mulheres com irregularidades menstruais a 6% nas atletas com ciclos normais. Outra conclusão é que a atividade atlética como levantamento de peso aumenta a densidade mineral óssea, mas podem aumentar o risco de fratura por estresse em pacientes com disfunção menstrual. Finalmente diferenças na microarquitetura óssea e resistência óssea são mais pronunciadas naquelas atletas com amenorréia que sofreram múltiplas fraturas por estresse.

         Para os autores, a amenorréia, mais ou menos duradoura, pode ter impacto negativo sobre o osso ou, alternativamente, podem existir diferente graus de susceptibilidade entre as mulheres amenorreicas, que contribuiriam para piora da qualidade e quantidade de massa óssea, levando a lesões ósseas. A recomendação do estudo é atenção especial com estas jovens, muito atléticas e que não menstruam. Elas podem parecer duronas, mas literalmente podem vir a quebrar.

(Ackerman  et al. Fractures in Relation to Menstrual Status and Bone Parameters in Young Athletes. Medicine & Science in Sports & Exercise, 10/2014).

Sobre o autor.



Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos

Sobre o blog.


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