Urina. Todos nós expelimos este
líquido transparente, amarelado e de odor característico várias vezes ao dia
sem pensar o quanto ele pode ser útil.
Mas a excreção não serve apenas para
detectar se a pessoa tem alguma infecção ou doença; também pode ser útil no
cultivo de plantas, como combustível e até para uma viagem espacial. E
cientistas já provaram essas utilidades várias vezes.
Veja abaixo cinco delas em vários
estágios de desenvolvimento.
1. Da bexiga para a
lavoura.
Em Brattleboro, no Estado americano
de Vermont, mais de 100 voluntários doam urina para uma experiência. No local,
funciona o Rich Earth Institute, onde são cultivadas alfaces e cenouras. O
pasto é verde e saudável graças à urina doada, uma prática muito usada na Ásia.
O projeto começou em 2011 e conta com
o apoio da Universidade de Michigan. Por meio da iniciativa, os cientistas
provam que nosso resíduo é um ótimo fertilizante e ainda ajuda a economizar
água.
Segundo especialistas, a maioria dos
agricultores usa fertilizantes com nitrogênio e fósforo, duas substâncias
encontradas na urina.
A Organização Mundial de Saúde (OMS)
recomenda que ela seja armazenada antes de ser usada no cultivo dos alimentos.
Mas OMS alerta quem quer usá-la na
horta de casa, por exemplo. O líquido precisa ser armazenado durante um mês
para eliminar qualquer agente que possa causar problemas à saúde. Já no
tratamento para uso em escala industrial, a espera deve ser de pelo menos seis
meses.
2. Dentes de urina.
Cientistas na China conseguiram criar
dentes a partir de células-tronco encontradas na urina.
Pesquisadores do Instituto de
Biomedicina e Saúde de Guangzhou, no sul do país, publicaram recentemente um
estudo na revista especializada Cell Regeneration onde explicam como conseguiram
criar estruturas parecidas com as de um dente, com polpa, dentina e esmalte.
O único problema é que essas
estruturas não eram tão duras como um dente. Mas o trabalho abre caminho para
usar as células encontradas na urina para a regeneração de dentes no futuro,
dizem eles.
Depois da publicação do trabalho,
John Comisi, da Academia Geral de Odontologia dos Estados Unidos, disse à rede
de TV americana CBS que, como se trata de um resíduo descartado pelo corpo
humano, a urina tem células e "faz sentido poder usar (estas células)
desta maneira".
3. Carregadores de
celular e outros dispositivos.
"Um dos produtos que podemos ter
certeza de fornecimento infinito é nossa urina", disse Ioannis Ieropoulos,
do Laboratório de Robótica da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, quando,
há alguns anos, explicava como tinha desenvolvido uma forma de carregar
telefones celulares com urina.
Ieropoulos não foi o único a
pesquisar como tirar energia desse líquido. Recentemente, os pesquisadores da
Universidade de Bath, também na Inglaterra, desenvolveram uma célula de
combustível em miniatura que pode gerar eletricidade a partir do nosso resíduo.
Segundo os especialistas, esta pode
ser uma solução para oferecer energia acessível e renovável.
Uma célula de combustível microbiana
trabalha com processos elétricos biológicos naturais das bactérias para
converter matéria orgânica em eletricidade.
Outra vantagem, segundo os
pesquisadores, é que essas baterias são econômicas, cada dispositivo custa
cerca de US$ 1,5 (cerca de R$ 5), eficientes e produzem quase nenhum resíduo na
comparação com outros métodos tradicionais de geração de eletricidade.
Estas baterias permitem carregar
--pelo menos no laboratório-- telefones celulares e outros dispositivos.
4. Combustível.
Gerardine Botte, cientista da
Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, se especializou em transformar urina
em combustível de hidrogênio.
A premissa parece simples. A urina
tem dois compostos que poderiam ser fonte de hidrogênios (amônia e ureia),
então, se você coloca um eletrodo no líquido e aplica uma corrente suave, o gás
de hidrogênio produzido poderia ser usado para alimentar uma célula de
combustível.
Segundo o jornal britânico The
Guardian, a tecnologia que a professora de engenharia química e biomolecular
desenvolveu possui um sistema que opera de forma muito parecida com a
eletrólise da água, "um processo que se utiliza para produzir
hidrogênio".
A vantagem do sistema de Botte é que
a amônia e a ureia da urina usam menos força para manter os átomos de hidrogênio
e, por isso, não precisa de tanta energia para separá-los.
5. Xixi no espaço.
Esse uso talvez seja conhecido por
alguns. Para se hidratar, os astronautas bebem sua própria urina --e a dos
colegas-- na Estação Espacial Internacional.
Quando se está no meio do caminho
entre a Terra e a Lua, conseguir água potável é uma tarefa muito difícil. E o
transporte do líquido até a estação também fica muito caro.
O astronauta canadense Chris Hadfield
explicou que, no espaço, 93% da água usada também é reutilizada.
Eles aproveitam o máximo possível de
todos os líquidos, incluindo suor e urina.
"Tem gosto de água
engarrafada", afirmou Layne Carter, do Centro de Voo Espacial Marshall, da
Nasa, ao site da Bloomberg.
Para Carter, basta superar a questão
"psicológica" de que se está bebendo urina reciclada.
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