segunda-feira, 6 de junho de 2016

IMUNOTERAPIA É NOVA ARMA PARA ESTIMULAR O CORPO A LUTAR COM CÂNCER...

FONTE: Carmen Vasconcelos (carmen.vasconcelos@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.

Não há estimativa de custo para o tratamento nem quando ele será oferecido pelo SUS.
Em 2008, o advogado Cícero Lima Filho buscou um pneumologista para tratar uma tosse forte. Descobriu uma macha grande no pulmão esquerdo. No início do ano seguinte, ele precisou retirar o órgão que estava comprometido com um câncer agressivo. Nos seis meses seguintes se submeteu ao tratamento quimioterápico. Em 2010, nas consultas de controle, descobriu que o câncer havia voltado e que atacava o pulmão direito. Em 2014, Cícero fez uma cirurgia com radioterapia que retirou os nódulos pulmonares. 
Em 2015, ele passou a integrar um protocolo de pesquisa que trata pacientes com cânceres que não responderam aos tratamentos convencionais. O procedimento conhecido como imunoterapia atua com uma classe de medicamentos que estimula o próprio sistema imunológico do paciente a combater o tumor. No caso específico de Cícero, a droga (nivolumabe) foi aprovada no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no final de 2015, e deve começar a ser comercializada no país a partir de julho, sendo o primeiro imuno-oncológico para tratar câncer de pulmão. Não há estimativa de custo para o tratamento nem quando ele será oferecido pelo SUS. Mas o caminho é promissor. 
“Realizei 12 sessões e os resultados das tomografias têm sido animadores”, diz Cícero, ressaltando que, no tratamento, não há perda de cabelo e se ganha em qualidade de vida. “Nunca fumei na vida e a descoberta dessa doença foi impactante, no entanto, nunca me permitir desanimar ou me afastar das atividades cotidianas”, conta o advogado que, a cada 15 dias, sai de Senhor do Bonfim e vem a Salvador fazer o tratamento experimental. 
Defesas.
De acordo com a oncologista Clarissa Mathias, do Núcleo de Oncologia da Bahia, o objetivo dessa terapia (que é considerada um divisor de águas no tratamento do câncer) é curar por meio da estimulação do sistema imunológico, uma vez que essas drogas retiram das células cancerígenas a capacidade de se ‘esconder’ do sistema imune. “Para o Brasil, foram destinados 250 protocolos de tratamento para pesquisa e, embora os resultados sejam muito animadores, o custo do tratamento ainda é um aspecto muito preocupante”, completa. Para o chefe do setor de oncologia do Hospital Sírio-Libanês, uma das referências no país, Paulo Hoff, a imunoterapia é conhecida há cerca de 50 anos, mas só começou a apresentar resultados satisfatórios há pouquíssimo tempo, quando os cientistas ganharam mais conhecimento sobre o funcionamento do sistema imune. “Uma das grandes vantagens desse tipo de tratamento reside no fato dele não causar  os efeitos colaterais das terapias convencionais”, esclarece o médico.

Clarissa Mathias destaca também que o nivolumabe se mostrou seguro, inclusive, para tratar o câncer de pacientes com outras doenças graves, as chamadas co-morbidades. “As pesquisas mostram que a medicação poderá ser usada para tratar mais de 30 tipos de doenças oncológicas” pontua a médica. Os trabalhos  demonstraram que o nivolumabe bloqueia uma proteína chamada PD-1, dobrando a sobrevida de pacientes com câncer de pulmão. Nos que produziam altos níveis de PD-L1, a sobrevida chegou a 19,4 meses.

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