FONTE: Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
A previsão é que o dispositivo de hipotermia focal
cerebral neonatal esteja pronto em dois anos.
Pesquisadores do
Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Fundação Oswaldo Cruz (CDTS-Fiocruz) e
do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(ICB-UFRJ) estão desenvolvendo um capacete para salvar vidas de recém-nascidos
que sofreram asfixia cerebral após o parto.
De acordo com o
neurocientista e neurofisiologista Renato Rozental, responsável pelo estudo, o
capacete flexível pode manter o cérebro com déficit de oxigenação resfriado,
minimizando o desenvolvimento e gravidade de lesões neurológicas. “O tratamento
desta emergência médica, portanto, constitui uma corrida contra o tempo”,
explicou o médico.
A previsão é que o
dispositivo de hipotermia focal cerebral neonatal esteja pronto em dois anos. A
asfixia perinatal é a primeira causa de mortalidade de recém-nascidos no mundo.
Por ano, em torno de quatro milhões de recém-natos apresentam asfixia. Desse
total, um milhão morre e dois milhões ficam com sequelas graves.
A asfixia perinatal
pode ser causada por compressão do cordão umbilical, deslocamento de placenta,
retardo do crescimento intrauterino, entre outros motivos. Com a oxigenação do
cérebro comprometida, o recém-nascido pode morrer ou ter problemas
neurológicos. A asfixia ocorre com mais frequência em regiões com rede de saúde
precária, quando partos são realizados de forma inadequada.
O capacete provoca a
hipotermia controlada apenas do cérebro para interromper o avanço de lesões do
tecido nervoso que podem matar ou mesmo deixar sequelas para o resto da vida.
Uso fora do hospital.
Além dos problemas de
oxigenação, o capacete poderá ajudar bebês com lesões provocadas por
traumatismo cranianoencefálico (TCE). “Quando a pessoa está na rua e sofre
isquemia ou traumatismo craniano, por exemplo, a tendência é que aumente a
temperatura em áreas do cérebro, causando danos sérios e até irreversíveis. A
touca permite reverter esse quadro, ainda na rua, minimizando os problemas”,
ressaltou Rozental. O capacete é capaz de manter o resfriamento do cérebro por
até 4 horas.
De acordo com o
pesquisador, o resfriamento do cérebro é um tratamento consagrado nos meios
hospitalares no mundo inteiro. “O dispositivo é que está sendo reconhecido
internacionalmente por ser um produto inovador, acessível em qualquer ambiente,
tanto fora como dentro do hospital”.
A pesquisa recebeu
recursos da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e
foi apresentada em um fórum da Organização das Nações Unidas, em junho, como
uma das propostas da Fiocruz para reduzir a mortalidade neonatal mundial,
principalmente em países em desenvolvimento.
Rozental, que também
é professor do Albert Einstein College of Medicine, em Nova York, recebeu este
ano o prêmio Saving Lives at Birth, consórcio que reúne seis entidades, entre
elas a Fundação Bill & Melinda Gates, com o objetivo de dar apoio a
recém-nascidos e às mães durante o trabalho de parto, principalmente em regiões
sem assistência médico-hospitalar adequada. Selecionado entre 50 finalistas,
entre 750 candidatos de 78 países,- o médico brasileiro foi o vencedor na
categoria People’s Choice Award, projeto mais votado pelo público.
Nenhum comentário:
Postar um comentário