FONTE: Paula Moura, Colaboração para o UOL (noticias.uol.com.br).
É preciso terminar
uma tarefa. De repente, várias "necessidades" urgentes surgem: a
publicação de uma foto no Facebook, uma pesquisa na Wikipedia, a organização de
um armário. Depois de horas destinadas a qualquer outra coisa que não à tarefa,
o sentimento de culpa. Muitos de nós - talvez todos - já nos encontramos nesta
situação algum dia. Ainda mais com tanta tecnologia à disposição.
Uma pesquisa dele nos
anos 2000 mostrou que 50% das pessoas que estavam online estavam deixando algo
para depois. Isso antes dos smartphones e da web 2.0. Hoje, a porcentagem deve
ser muito maior, explica Timothy Pychyl, psicólogo que estuda a procrastinação
na Universidade de Carleton, no Canadá.
Diferentemente do que
se pode imaginar, o fenômeno não tem explicação simples. "Envolve toda a
psicologia: emoções, pensamentos e comportamentos e envolve o que chamamos de
vontade."
Pychyl enfatiza que a
procrastinação não é um problema de gerenciamento de tempo nem de força
de vontade, mas sim a dificuldade de lidar com as emoções negativas.
É como o dia em que
você percebe que não está comendo porque está com fome, mas porque está triste.
Quando se evita uma tarefa, é porque há dificuldade em lidar com as emoções
relacionadas à tarefa ou não se está deixando essas emoções irem embora."
Portanto, aprender a
lidar com elas é fundamental para que a procrastinação não seja um problema
constante.
Além disso, nem todo
atraso é uma forma de procrastinação. Essa última sempre envolve uma
expectativa de resultado ruim e geralmente leva a esforços de última hora.
"Problemas de performance, de saúde, todas as consequências negativas
estão relacionadas com a forma de atraso chamada procrastinação. As outras
formas de atraso não têm isso."
Quem procrastina mais?
Pychyl descreve
alguns traços de personalidade que levam à procrastinação. Falta de
autoconsciência, impulsividade, perfeccionismo social, ansiedade e medo de
falhar são alguns deles.
A falta de
autoconsciência é a dificuldade em identificar suas próprias emoções e de
perceber o espaço à sua volta. Para o acadêmico os sinais podem ser vistos no
ambiente: casa bagunçada, escrivaninha bagunçada, nunca sabe onde estão as
coisas, não ter uma agenda regular, pessoa que não presta atenção no que está
fazendo.
O contrário também
pode significar outro desses traços de personalidade: uma casa extremamente
organizada pode indicar perfeccionismo social. "Se você constantemente se
pega pensando no que os outros estão pensando, provavelmente você é um
perfeccionista social porque você está sempre preocupado com o que os outros
vão pensar em vez do que você pensa. Esse diálogo interno paralisa."
Já ansiedade e preocupação
são traços bastante arraigados em nós, mais difíceis de mudar. "Temos que
aprender a conviver com eles, reconhecer que é um ponto fraco", diz
Pychyl. "Se você apresenta alguma dessas características, precisa se focar
nelas, pois serão uma desvantagem para você".
Como evitar?
O primeiro passo para
evitar a procrastinação é se tornar mais consciente dos sentimentos e
pensamentos sem julgá-los, recomenda Pychyl, que vê na meditação uma forma de
melhorar essa percepção.
É ainda importante
entender que nem sempre atingiremos nossas expectativas em relação a nós mesmos
--e aceitar a limitação. "Se não, teremos o efeito foda-se. Comi um
cookie, então vou comer a caixa inteira. Não fiz nada na última hora então não
vou fazer nada o dia inteiro", exemplifica.
Confira 4 dicas para
evitar a procrastinação.
• Pensar o
projeto em partes, tornando o objetivo concreto: se eu pensar por
exemplo: "tenho que trabalhar no meu curso hoje, eu tenho essa experiência
emocional que diz "Não quero", fico sobrecarregado. Então eu paro e
penso: qual é a próxima ação? Ok, tenho que fazer log in e olhar os capítulos
que já escolhi até agora. Bom, isso eu posso fazer."
• Encadear as
ações: em vez de apenas colocar "meu objetivo hoje é fazer essa
tarefa", dizer depois que eu terminar meu café (ou assim que tal coisa
acontecer) eu vou fazer X para conseguir Y. "Para meus alunos, eu digo
para fazerem isso para saberem o que vão fazer quando saírem da aula. Se eles
não fazem isso, eles vão sair e repetir qualquer hábito que tenham."
• Achar uma
forma de apenas começar. Se falar só "vamos fazer", o
"fazer" já causa desespero. Não importa de onde, pense que vai apenas
começar. Quando iniciamos algo, esse pequeno progresso nos preenche e isso traz
motivação.
• Fazer
pausas é importante. Somos seres físicos, portanto comer algo ou tirar
uma soneca pode ajudar a enfrentar a tarefa de novo. Hábitos saudáveis de
alimentação, sono e exercícios são muito importantes para evitar a
procrastinação, observa Pychyl.
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