FONTE: Carmen Vasconcelos (carmen.vasconcelos@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.
As patologias
na coluna cervical estão cada vez mais comuns e em idades cada vez mais jovens.
Oito
horas por dia diante de um computador no trabalho administrativo de
contabilidade numa empresa, várias questões resolvidas pelo whatsapp, contatos
nas redes sociais. O resultado de uma vida profissional mantida com o uso de
computador e celular causou o agravamento de um quadro de dor na coluna
cervical (cervicalgias) da contadora Ava Melo. Em julho deste ano, uma
queda na rua a forçou a realizar uma cirurgia na coluna para tratar as hérnias
nos discos da coluna vertebral. “A empresa adaptou todo o mobiliário do
escritório depois que recebi o diagnóstico, mas o problema e o estilo de vida
só agravaram minha situação”, conta Ava que agora espera que o pós-operatório
chegue ao final.
De
acordo com a fisioterapeuta e especialista em Clínica da Dor, Selma França, as
patologias na coluna cervical estão cada vez mais comuns e em idades cada vez
mais jovens. “Antes, a incidência da cervicalgia era maior com o avançar da
idade e bastante relacionada à atividade profissional exercida. Hoje, com a
mudança do comportamento e o uso excessivo dos aparelhos multifuncionais, a
perspectiva da predisposição mudou”, diz a especialista, ressaltando que
usuários por longos períodos e de modo inadequado podem desenvolver o problema.
“As pessoas passam grande parte do tempo utilizando aparelhos, cada vez
menores, em posições que causam sobrecarga mecânica na cabeça e nos ombros,
provocando muitas tensões e dores nessa região”, explica Selma.
Para
se ter uma ideia do que isso significa, a fisioterapeuta destaca que a
inclinação do pescoço para olhar o celular e a ação da gravidade, por exemplo,
podem determinar um peso de até 75 kg sobre a cabeça. “Nessa posição, os
músculos posteriores da coluna precisam trabalhar muito e ficam muito
tensionados”, explica a fisioterapeuta.
“Na
tentativa de enxergar melhor, as pessoas projetam o pescoço para frente e fazem
deslocamento forçado da cabeça para longe do alinhamento correto da coluna. No
caso dos smartphones, para enxergar letras menores, as pessoas comprometem a
postura a todo tempo”, destaca a especialista, lembrando que sintomas
como perda de sensibilidade, formigamento e fraqueza nos membros superiores
podem ser sinais de alerta para o problema.
Dano precoce.
Ela ressalta que quando esse mesmo esforço é feito por crianças acontecem alterações importantes na curvatura da coluna vertebral, impactando diretamente no sistema de amortecimento e na curvatura da coluna. “Uma criança que sofre esse dano terá alterações posturais muito mais cedo”, diz, lembrando que, num passado recente, as crianças só perdiam a curvatura da coluna no período da adolescência, conhecido como estirão. “Hoje, cada vez mais cedo, elas ficam diante das telinhas, consumindo joguinhos, entretenimento e as diversões multimídia da Galinha Pintadinha deixam seus pescocinhos e as cabeças mais projetadas”, alerta.
Ela ressalta que quando esse mesmo esforço é feito por crianças acontecem alterações importantes na curvatura da coluna vertebral, impactando diretamente no sistema de amortecimento e na curvatura da coluna. “Uma criança que sofre esse dano terá alterações posturais muito mais cedo”, diz, lembrando que, num passado recente, as crianças só perdiam a curvatura da coluna no período da adolescência, conhecido como estirão. “Hoje, cada vez mais cedo, elas ficam diante das telinhas, consumindo joguinhos, entretenimento e as diversões multimídia da Galinha Pintadinha deixam seus pescocinhos e as cabeças mais projetadas”, alerta.
Para
ela, o ideal seria que os celulares só chegassem à vida das crianças depois que
houvesse um amadurecimento da noção corporal, mas, como isso não é possível, a
fisioterapeuta orienta que os pais limitem o uso e estimulem as crianças
a realizarem atividades físicas que ajudam a desenvolver essa consciência
corporal nos pesquenos.
Para
adultos e crianças, a orientação é que a cabeça esteja recostada, que o
aparelho fique na altura do olhar para não forçar o pescoço e que os cotovelos
estejam perto do corpo ou os braços estejam apoiados. “Os braços não foram
feitos para ficar parados”, ressalta. Se o uso for se estender por mais de uma
hora, é fundamental que haja uma parada de, pelo menos, cinco minutos, quando
se deve mover a cabeça para os lados, para a frente e para trás e os olhos
pisquem para promover um descanso.
A
atividade física e o alongamento são atividades preventivas em qualquer momento
da vida, pois quando houver uma sobrecarga por uso do celular ou computador,
haverá um corpo mais preparado para suportar a carga sem se lesionar”,
completa.
A
orientação é que, diante de qualquer sinal de desconforto por período
prolongado, o paciente não hesite em procurar um especialista. Além de consulta
com ortopedista, o acompanhamento de um fisioterapeuta resgatará a consciência
corporal e reeducação funcional. O tratamento também inclui técnicas manuais e
aulas de pilates com foco na estabilização da coluna.
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